sexta-feira, 30 de junho de 2023

Poder Feminino, Domínio Masculino

Female Power & Male Dominance

Reeves-Sandary, P. (1981): Female Power and Male Dominance: On the Origins of Sexual Inequality. Cambridge University Press, Cambridge.  ISBN: 0-521-28075-3


Sinopse
Neste livro, a professora Peggy Sanday oferece um exame inovador do poder e dominância nos relacionamentos entre homens e mulheres. Como se origina a interação culturalmente aprovada entre os sexos? Por que as mulheres são vistas como parte necessária dos assuntos políticos, econômicos e religiosos em algumas sociedades, mas não em outras? 

"Tres raparigas Nayar de Trabancore" Ramaswami Naidu, 1872

Por que algumas sociedades vestem símbolos sagrados de poder criativo sob a forma de um sexo e não do outro? O professor Sanday oferece soluções para esses quebra-cabeças culturais usando pesquisas interculturais em mais de 150 sociedades tribais. Ela sistematicamente estabelece toda a gama de variação nos papéis de poder masculino e feminino e, em seguida, sugere uma estrutura teórica para explicar essa variação. 

mulheres e homens awa preparando-se para a caça

Rejeitando o argumento da subordinação feminina universal, o professor Sanday argumenta que a dominação masculina não é inerente às relações humanas, mas é uma solução para vários tipos de tensões culturais. Aqueles que incorporam, estão em contato ou controlam as forças criativas da natureza são percebidos como poderosos. 

Durga vence ao asura Mahishasura

Ao isolar os mecanismos comportamentais e simbólicos que instituem a dominação masculina, o professor Sanday mostra que os papéis de poder secular de um povo são parcialmente derivados de conceitos antigos de poder, como exemplificado por seus mitos de origem. 

mulheres Igbo, 1921

O poder e o domínio são ainda determinados pela adaptação de um povo ao seu ambiente, conflito social e estresse emocional. Isso é ilustrado por meio de estudos de caso dos efeitos do colonialismo europeu, migração e estresse alimentar e apoiado por inúmeras associações estatísticas entre desigualdade sexual e vários estresses culturais.

INDEX

Introduction

Part I: Plans for sex-role behavior

1. Scripts for female power

From “the complete perfect unity”: the Balinese

The creative grandmother of the primeval sea: the Semang

Father, mother, lover, friend: the Mbuti

The mother of the earth beings who fell from the sky: 
the Iroquois

One couple from the sky and one couple from the carth: 
the Ashanti

The female creative principle

2. Scripts for male dominance

Eve’s transgression, God’s punishment, and female power: 
the Hausa

The merging and splitting of animals, mothers, and males: 
the Mundurucu

Nullifying female power: the Papagoes

The fierce people: the Yanomamo

The psychological bedrock

Part 1I: Constructing sex-role plans

3. The environmental context of metaphors for sexual identities

Gender symbolism in creation stories: inward females 
and outward males

Male parenting and creation symbolism

The role of environment

Environment, origin beliefs, and history Reflections 
of social life and thought in origin
stories 

4. Plans for the sexual division of labor

The kinds of activities that are universally allocated to males

The cultural patterning of work

A third cultural configuration: the dual-sex orientation

Sex-role plans and configurations of culture

5. Blood, sex, and danger

The body as symbol

The body in society and nature: the Andaman Islanders

Fluctuating food, warfare, and fear of fluxing women: 
the Bellacoola

Pollution of menstrual blood and sexual intercourse

Male and female worlds

Part I1I: The women’s world

6. The bases for female political and economic power and authority

The ascribed bases for female economic and political authority

The case of the Abipon: female power and the hunter/warrior configuration

The achieved bases for female economic and political power

The ascribed and achieved bases for female public power 
and authority and increasing technological
complexity

The decline of the women’s world: the effect of colonialism

The Igbo women’s war

Handsome Lake and the decline of the Iroquois matriarchate

Female power and movement onto the Great Plains: 
the Lords of the Plains and the Sacred Buffalo Hat

The movement of foragers into marginal territories. 
The relationship between colonialism, a marginal food base, 
and female power

Part IV: The dynamics of male dominance and sexual inequality

8. The bases for male dominance 

Male dominance: mythical and real

The correlates of male dominance and sexual inequality

Anthropological explanations for male dominance. 

From the native’s point of view. Male dominance: part of 
a cultural configuration or a solution to stress

9 Why women?

Defining the oppressor

Men, animals, and women: the Mbuti and the Desana

External and internal threats to social survival: mythical 
versus real male dominance in the New Guinea highlands

The experience of migration: the Azande versus the Bemba

Conclusion

Part V: Conquerors of the land flowing with milk and honey

Epilogue

The goddess and Yahweh cults in Canaan

Adam and Eve: migrating men and foreign goddesses

In God’s image

The early Christians

Appendixes

A Sample

B Variables

C Analysis of the relationship between environment, fathers’ 
proximity to infants, and origin symbolism

D. Configurations for the division of labor

E. Construction of the measure for female economic 
and political power or authority

F Male aggression scale and male dominance measure

Notes
Bibliography
Index


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O Mito do Homem Caçador


Faz dois dias saia publicado no jornal Plos One um artigo no um estudo sobre relação entre os distintos sexo e a caça baseado no analise de um total de 63 sociedades tradicionais, que constatava o papel das mulheres em 50 de elas, o que supõe uma estimável proporção de um 79 por cento.

Tradicionalmente considerou-se que as populações humanas com uma forma de subsistência baseado na forreagemento tinham uma divisão sexual de funções estrita na que os machos atuavam com caçadores e as fêmeas coletoras. As pesquisas arqueológicas recentes questionaram esse paradigma com evidências de que as fêmeas caçavam (e iam para a guerra) ao longo da história do Homo Sapiens. Embora muitos autores têm sustido que este role na caça das mulheres pode ter ocorrido em contextos concretos do passado e não

O estudo publicado reúne dados de toda a literatura etnográfica para investigar qual é o índice de prevalência das mulheres caçadoras nas sociedades caçadoras-coletoras em tempos mais recentes. Assim o estudo mostra como as evidências etnográficas dos últimos 100 anos junto com os achados arqueológicos do Holoceno mostram que as mulheres não eram apenas coletoras senão que também caçavam como forma de subsistência.

O artigo analisa também o tipo de caça praticada pelas mulheres e as suas variações de acordo com a sociedade. Das 50 sociedades de forrageamento que possuem documentação sobre mulheres caçando, 45 (90%) sociedades tinham dados sobre o tamanho da caça que as mulheres caçavam. Destas, 21 (46%) caçam caça miúda, 7 (15%) caçam caça média, 15 (33%) caçam caça grossa e 2 (4%) destas sociedades caçam caça de todos os portes. 

Em sociedades onde as mulheres caçavam apenas de forma oportunista, a caça miúda era capturada o 100% do tempo dedicado. Em sociedades onde as mulheres caçavam intencionalmente, todos os tamanhos de caça eram caçados, sendo a caça maior a mais procurada. 

Das 36 sociedades de forrageamento que tinham documentação de mulheres caçando propositadamente 5 (13%), as  mulheres caçando com cães e 18 (50%) de estas incluíram dados sobre mulheres caçando mesmo com crianças. Também se regista o participação de cães e crianças em situações de caça oportunista.  

  

Artigo: 

Anderson, A., Chilczuk, S., Nelson, K., Ruther, R., Wall-Scheffler, C. (2023): "The Myth of Man the Hunter: Women’s contribution to the hunt across ethnographic contexts" PLoS ONE Nº 18(6): e0287101  DOI: 10.1371/journal. pone.0287101  


Postagem relacionada:  Igualitarismo de Género e Evolução

quinta-feira, 29 de junho de 2023

Agropastoralismo e Linguagens na Eurasia

Agropastoralism & Languages across Eurasia

   

Hudson, M. & Robbeets, M. (2023): Agropastoralism and Languages across Eurasia. Expansion, exchange, environment. BAR International Series 3126. Cambridge. ISBN: 79781407360751


Sinopse
Os ensaios recolhidos neste volume exploram questões relacionadas com a dispersão humana e intercâmbio entre os vários ambientes da Eurásia. A primeira parte foca-se no Neolítico e como a agricultura levou as sociedades humanas a novos nichos adaptativos. Esse processo envolveu a expansão populacional e linguística, mas também pode se expressar através da exploração do meio ambiente de novas maneiras. 


Na segunda parte, a ênfase muda para o intercâmbio entre o leste e o oeste na Eurásia na Idade do Bronze e na Idade Média. Os capítulos do livro discutem tópicos tão variados quanto o cultivo de plantas Jōmon, empréstimos linguísticos entre grupos agropastoris, a disseminação de ouro e prataria pelas estepes e os costumes relacionados coas festas no norte medieval da China. 



O volume será de interesse para arqueólogos e linguistas históricos, especialmente aqueles que trabalham sobre as mudanças sociais a longo prazo na Eurásia.


INDEX

Contributors  p. ix

1. Introduction  p. 1
Mark Hudson and Martine Robbeets 

Part I: Agropastoralism and Expanding Human Niches

2. The Utilisation of Domesticated Plants and Secondary 
Vegetation in the Japanese Islands in the Jōmon Period p. 9
Seiji Nakayama 

3. When Did We Choose the Way to the Anthropocene? 
An Examination of the Jōmon Period p. 19
Takamune Kawashima  

4. Prehistoric Interaction Between Transeurasian and 
Non-Transeurasian Speakers p. 25
Martine Robbeets  

5. Ancient Agricultural Borrowings between Sino-Tibetan ~
and Transeurasian Languages  p. 41
Bingcong Deng  

6. Amuric-Tungusic language contact and the Amuric 
homeland p. 53
Martijn G.T.M. Knapen  

7. Sino-Tibetan, Yeniseian and Na-Dene p. 71
David Bradley  

Part II: Eurasian East-West Exchange in the Bronze and Middle Ages

8. By Steppe Highway or Mountain Corridors? Exploring 
the Archaeolinguistic Arguments for the Provenance  
of Western Eurasian Crops  and Livestock 
in Central and East Asia p. 85
Rasmus G. Bjørn 

9. Central-Western Asian and European Cultural Influences on Gold 
and Silver Wares Discovered in China on the Eurasian Steppe p. 97
Jingming Zhang 

10. West Eurasian cultural impacts on the Liao dynasty: 
an archaeological analysis p.113
Hui Wang  

11. Image analysis of drinking scenes in banquet murals 
in Liao Dynasty tombs  p. 127
Jie Zhang  

12. Rice: from medicine to food in Roman and medieval Italy 
p. 141
Claudio Pelloli  

Index p.153



+INFO sobre o livro: Agropastoralism & Languages

Arqueolinguistica das linguas Trans-eurasiticas




Deixamos aqui esta conferência proferida no ano 2021 dentro da escola de verão do Instituto Marx Planck para a Ciência da História Humana, pela Dr. Martine Robbeets com o titulo "Archaeolinguistia - o caso Trans-eurasiatico". Em ele se resume as achegas publicadas em um artigo publicado esse mesmo ano na revista Nature no que se propus um modelo explicativo para a expansão das línguas trans-euroasiáticas, isto é isto é, japonês, coreano, tungúsico, mongólico e turco. 


Desafiando a tradicional "hipótese pastoril", o artigo demonstrava que a ancestralidade comum e a dispersão primária das línguas da Transeuriaticas remontam aos primeiros agricultores do pelo nordeste da Ásia a partir do Neolítico Inferior sustentado no cultivo do milho-miúdo. Mas que essa herança compartilhada foi mascarado por extensa interação cultural desde a Idade do Bronze. 



A palestra e o centra-se sobre tudo nas conexões nos casos coreano e japonês e a sua relação com o Urheimat da zona costeira do delta baixo Rio Amarelo, deixando um pouco de lado a posterior conversão de tunguses, turcos e mongóis a populações a pastores nómadas ou caçadores-coletores; se bem é tentador relacionar isto como uma reação centrípeta a introdução do cultivo do arroz e a conseguinte adoção de estruturas tipo Estado, como a sugerida para zonas do Sudeste Asiático pelo antropólogo James C. Scott.


Artigo: 

Robbeets, M., Bouckaert, R., Conte, M., Savelyev, A., Tao Li, T. et alii (2021): "Triangulation supports agricultural spread of the Transeurasian languages" Nature Nº 599 pp. 616–621 DOI: 10.1038/s41586-021-04108-8  
   


terça-feira, 27 de junho de 2023

Depósitos da Idade do Bronze em Hungria

Bronze Age Treasures 
in Hungary


Szabó, G (2019): Bronze Age Treasures in Hungary. The Quest for Buried Weapons, Tools and Jewellery. Archaeolingua. Budapest. ISBN: 978-615-5766-25-1

Sinopse 
O legado das comunidades da Idade do Bronze Final que povoaram a Bacia dos Cárpatos entre os séculos XIV e X A.C representa talvez a gama mais colorida e numerosa de artefatos antes da conquista romana. Estes povos transformaram a paisagem numa escala até então inédita com a construção de tumuli sobre as suas sepulturas e a construção de castros monumentais; eles cultivaram terras anteriormente ininterruptas e fundaram muitas dezenas de novos assentamentos nas profundezas das colinas e montanhas cobertas de floresta. 




Suas relíquias mais espetaculares são os tesouros contendo uma deslumbrante variedade de artigos de bronze e ouro, cuja deposição e ocultação tem alimentado debates incessantes por mais de um século. Sabemos que os conjuntos contendo armas valiosas, joias e uma variedade de ferramentas e implementos foram montados de acordo com normas culturais específicas. Cada um destes tesouros tem uma história diferente para contar: alguns guardam a memória de viagens a terras distantes, rituais espetaculares e festas sumptuosas, outros evocam as labutas da vida quotidiana e guerras sangrentas.


A deposição e ocultação generalizada de tesouros é atestada apenas na Idade do Bronze na Europa durante o segundo milênio A.C, uma prática semelhante é desconhecida durante outros períodos da história da Europa ou em outros continentes. A equipe de pesquisa liderada pelo autor visitou sistematicamente os locais conhecidos da Idade do Bronze na Hungria e conduziu pesquisas de detecção de metais para localizar e resgatar o máximo possível de tesouros da Idade do Bronze ainda escondidos no solo. 


Este livro oferece um vislumbre fascinante desta era longínqua através dos tesouros descobertos, aproximando-nos dos povos que os enterraram e dos possíveis eventos por trás de sua ocultação.


INDEX

Introduction  p. 7

Lost histories p. 7

Structure of the book p. 9

1. treasure hunters  p.  11

Hoards and their finders: From the beginnings to 
the turn of the millennium  p. 11

Endangered hoards: Nighthawkers and the 
antiquities market p. 18

Saving hoards: A research project for recovering 
and studying bronze hoards  p. 21

2. sacrIfIces and votive deposits  p.  25

Ritual codes: Ecseg-Bogdány-dűlő p. 25

A funerary ritual: Pázmándfalu  p. 35

A feast in the cavern: Baradla Cave  p.  46

The bronzesmith’s treasure: Tállya-Várhegy  p. 59

Treasure islet: Szeged-Gyálarét p.  69

3. “treasures lyIng heaped”  p. 77

The perished centre: Baks-Temető-part  p. 77

The torched farmstead: Zsáka-Dávid-tanya  p. 89

A peek into a treasury: Tállya-Óvár  p. 99

4. forts and hoards p. 109

Dwellers of the fort on high: Martonyi-Szúnyog-tető p. 109

The densely settled fort: Bükkzsérc-Hódos-tető  p. 116

A sparsely settled fort: Mátraszőlős-Kerekbükk  p. 125

The unoccupied fort: Parád-Várhegy  p. 131

The stronghold of many treasures: 
Bükkszentlászló-Nagysánc p. 139

5. terrItorIes and boundarIes  p. 147

The fish in the fort: Telkibánya-Cser-hegy  p. 147

Two neighbouring hillforts: Abasár-Hajnács-kő 
and Abasár-Rónya-bérc  p. 156

The swords on the plain: Mezőberény-Telek-dűlő  p. 163

6. the rItual landscape  p. 171

The horses in the wood 1: Szilvásvárad-Alsó-Nagy-verő  p. 171

The horses in the wood 2: Szilvásvárad-Kelemenszéke  p. 180

7. a hungarIan perspectIve on a european archaeologIcal 
phenomenon  p. 191

The nature of deposition: regularity vs. diversity bp. 191

The rationale(s) behind deposition  p. 194

Hoards and cultural memory p. 196

afterword  p. 197

endnotes  p. 198

references  p. 209



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segunda-feira, 26 de junho de 2023

O Ouro no 2 e 1 Milenio em Europa - Congresso

The Gold Treasure of Ebreichsdorf

Prehistoric Gold Finds in the 2nd and 1st Millennium BC in Europe


Quando: 18-20
Onde: Viena.


O 18 de agosto de 2023, o tesouro de ouro da Bronze Final descoberto em Ebreichsdorf (Baixa Áustria) entre os anos 2019-2020, foi entregue oficialmente ao Museu de História Natural de Viena. Para celebrar esta ocasião, há celebrar-se um simpósio internacional sobre as pesquisas acerca do ouro na Proto-história e os achadegos de ouro proto-históricos do 2 e 1 milenio. 

Também seram apressentados por primeira vez os resultado da pesquisa da equipa de especialistas que desde 2020 estão a analisar o processamento, significado cultural e origem do tesouro de Ebreichsbdorf na conferência de 18 a 20 de agosto de 2023 e será apresentação de uma monografia sobre este achadego.



Programa


domingo, 25 de junho de 2023

O Caldeirão de Dagda - Livro

LE CHAUDRON DE DAGDA

Raydon, V. (2023): Le Chaudron du Dagda. Editions Terre de Promesse. Marselha. ISBN : 978-2-9541625-4-6


Sinopse
O caldeirão da abundância do deus druida irlandês Dagda há muito desperta a curiosidade de celtista amadores e mais acadêmicos. A raridade, bem como o caráter tardio e cristianizado das fontes mitológicas que a ele se referem, fizeram com que nenhum estudo em larga escala se dedicasse até agora a esse atributo divino e ao significado que ele encerra no pensamento., e mais particularmente dentro da teologia do deus Dagda.




Valéry Raydon tenta preencher essa lacuna usando o método estrutural e comparativo dumeziliano. Dada destacada qualidade de fontes que fazem referência deste caldeirão, junto a sua relevancia tanto para à teogonia, à sociogênese divina quanto à narrativa etiológica sobre a origem da soberania irlandesa, o autor restaura o lugar deste caldeirão dentro do sistema panteísta goidélico e destaca a complexa rede de elementos simbólicos que codificam o motivo mitológico deste atributo divino. 


Este nao apenas uma panela com um conteúdo alimentar inesgotável, mas um prato com uma curiosa associação ao elemento marinho e um talismã de soberania. E a sua missão era cumprir um ofício social particular: assegurar o serviço de alimentação dos banquetes reais que celebravam as grandes festas de abertura das estações do calendário pré-cristão pelas quais o rei dos deuses Túatha Dé Dánann mostrava a sua habilidade para alimentar toda a população irlandesa. 


A autenticidade e antiguidade da tradição transmitida tardiamente é demonstrada tanto pela consistência da codificação do caldeirão Dagda com os outros conhecidos acessórios do deus, quanto por sua relação direta com uma concepção arcaica da organização do panteão. a ideologia indo-européia trifuncional.


O autor também identifica uma aplicação ritual sobrevidente do caldeirão de Dagda em uma importante instituição da Irlanda alto-medieval, a do "caldeirão de distribuição", específico da aristocracia gaélica. E rastreia os avatares do caldeirão mítico na epopeia, na hagiografia, mas também na toponímia e nas lendas que lhe estão ligadas. 




Discute a fidelidade dos avatares descobertos ao esquema mitológico traçado e examina suas possíveis contribuições para o aprofundamento da compreensão do caldeirão de Dagda e, por extensão, para a decifração de certos traços da personalidade do deus que permaneceram obscuros em sua mitologia. 




Assistimos assim ao desvendamento do mistério sobre dois dos aspectos mais enigmáticos deste pote: a sua relação com as águas marinhas e a origem do seu extraordinário poder reprodutivo.


INDEX

Preface, para Claude Sterckx
 
Avant-propos p. 7

Le Chaudron de Dagda p. 21

Du Chaudron et du marteau du Dagda irlandais à la 
marmite et au maillet du Sucellus gaulois p. 45

Un avatar épique avéré: le chaudron du roi 
Cormac Mac Airt p. 63

Application institutionnelle p. 81

Trois avatars hagiographiques du 
chaudron-maeltröm du Dagda p. 121

Index p. 147

Bibliographie p. 155



+INFO sobre o livro em: Le Chaudron du Dagda

Um Sucellus viticultor?

SUCELLUS UND NANTOSUELTA

Kotterba, M. (2000): Sucellus und Nantosuelta. Untersuchungen zu einem gallo-römischen. Götterpaar in den Nordprovinzen des Imperium Romanum. Tese doutoral sostida na Universidade de Friburg


Deixamos aqui o enlace a esta tese doutoral, com uma hipótese curiosa sobre o caráter do deus gaulês Sucellus, ao nosso ver profundamente equivocada, mas que ainda assim pode ter certo interesse em quanto catalogo do material sobre este deus e a sua parelha Nantosuelta.

Sucellus de Vienne, os propios raios solares  rematam a sua vez por cabeças de martelo que remedam o atributo perdido do deus na estatueta.

Segundo o entendemos o erros maiores de este trabalho consistem por um lado em cair em um reducionismo que, ainda considerando as advocações particulares e mais profanas, não da conta de toda a complexidade das figuras divinas sem considerar o contexto mais amplo da divindade. como quadram os atributos solares com os que aparece associado em algumas representações como a de Vienne, ou a extensão tremendamente ampla na Gália deste deus, com a figura dum mero deus viticultor?. 


Um segundo erro é cair em um certo "utilitarismo" ao estilo dos söndegott usenerianos mais chatos, atribuindo e em certa forma trasladando uma mentalidade aos antigos que parece mais própria do nosso contexto secularizado e contemporâneo, o qual não esta muito longo -ou menos do que pudera parecer das teorias também "utilitaristas" no fundo dum Frazer que considerava a fim de contas a religião como um intento frustrado de Ciência prática inalcançável ao primitivo
Em tudo isto obviamente, existe um risco evidente de que tirando analiticamente destes pressupostos se termine fazendo disiecta menbra de um conjunto de crenças em origem coerentes e articuladas, entorpecendo a sua interpretação final como tal o convertendo, como sucede, o secuandario -ou mesmo- anecdotico no foco de atenção.

Como contraste aconselha-mos a leitura do modélico estudo que o nosso caro colega Valéry Raydon faz desde o ponto de vista mitológico e das correspondências entre Sucellus e o deus irlandês Dagda.


Sinopse: 
Esta dissertação centra-se num casal divino galo-romano, que, na história da ciência, tem sido interpretado de várias formas, muitas vezes contraditórias. Eles eram considerados deuses do submundo e dos mortos, bem como deuses do céu e dos campos elísios ou protetores da casa e da vida cotidiana ou patronos de artesãos como tanoeiros e muito mais. 


O presente trabalho baseia-se em mais de 240 monumentos, a maioria relativos ao deus (a deusa é encontrada em apenas 10 casos), que consistem principalmente em relevos de pedra e estatuetas de bronze.; apenas algumas inscrições são conhecidas. A análise dos atributos e da área de distribuição dos monumentos mostra que Sucellus deve ser claramente considerado o deus dos produtores de vinho. Seu martelo de cabo longo e de madeira era usado para cravar os postes em torno dos quais as uvas rastejavam e representava o início do trabalho. 


Os barris ilustram o processo de amadurecimento, bem como o transporte. O copo de vinho, que Sucellus oferece na mão, mostra o orgulho dos viticultores pelo produto final. As áreas onde se encontram os monumentos pertenciam às áreas vitícolas mais exclusivas da Gália romana e províncias adjacentes (e ainda estão entre as melhores até hoje). 


No caso de Nantosuelta, suas funções (que podem ter sido muito diferentes das de sua companheira) não podem ser descritas com clareza, pois são poucos os monumentos e seus atributos, por exemplo, a cornucópia, são pouco específicos. Ao catálogo de monumentos deste divino casal juntam-se cerca de uma centena de monumentos, até agora considerado pela ciência arqueológica como pertencente a Sucellus. A análise mostra que todos eles devem ser definidos de forma diferente.

INDEX


Descarregar a tese em: Sucellus und Nantosuelta

sábado, 24 de junho de 2023

Astronomia Antiga - Livro

ANCIENT ASTRONOMY  

Belmonte J. A., Kragh H., Pankenier D. W. et al. (2015): Ancient Astronomy India, Egypt, China, Maya, Inca, Aztec, Greece, Rome, Genesis, Hebrews, Christians, The Neolithic And Paleolithic. Cosmology Science Publishers. Cambridge. 


Sinopse: 
A astronomia pode ser uma ciência muito antiga, com uma história tão longa e obscuro que suas origens estão quase ocultas. No entanto, pistas tentadoras foram deixadas nas profundezas dos recessos do paleolítico catedrais subterrâneas, cavernas adornadas com imagens simbólicas do céu noturno.


Como os antigos podem ter concebido a esfera celeste, é desconhecido para nós, e tudo o que podemos fazer é especular. No entanto, é claro que o ceu tinha um  significado profundo, para os povos do7 Paleolítico reproduziu o céu noturno em suas pinturas e desenhos. 


A observação do céu tem sido um dos principais geradores da metafísica no pensamento humano e, por outro lado, a astronomia tem sido tradicionalmente a ferramenta mais poderosa dos seres humanos para orientar-se adequadamente no tempo e no espaço. Portanto. a astronomia é certamente um dos melhores guias que a humanidade teve, desde o alvorecer da espécie, para encontrar nosso lugar correto no cosmos


INDEX

Prologue: Ancient Cosmologies: The Paleolithic and 
Neolithic Universe

1. Finding Our Place in the Cosmos: The Role of Astronomy 
in Ancient Cultures

2. Prehistoric Astronomers? Ancient Knowledge 
created by Modern Myth

3. The Cosmology of the Paleolithic

4. Neolithic Cosmology: The Equinox and the Spring Full Moon.

5. Ancient Greek-Roman Cosmology: Infinite, Eternal, 
Finite, Cyclic, and Multiple Universes

6. Astronomy and Psyche in the Classical World: 
Plato, Aristotle, Zeno, Ptolemy

7. “Let There Be Light!” The Genesis of Biblical Cosmology

8. The Cosmic Landscape in the Age of the Pyramids

9. Was There A Ptolemaic Revolution in Ancient Egyptian 
Astronomy? Souls, Stars & Cosmology

10. Ancient Cosmologies: Understanding Ancient 
Skywatchers, Mayas, and their Worldviews

11. Astronomy in Ancient Mesoamerica:

12. Cosmology in the Inca Empire: Huaca Sanctuaries, 
State-Supported Pilgrimage, and Astronomy

13. Inca Solar Orientations in Southeastern Peru

14. Cosmic Cycles of Hindu Cosmology: 
Scientific Underpinnings and Implications

15. Visions of the Cosmos: Archaeoastronomy in Ancient India

16. Cosmic Capitals and Numinous Precincts in Early China

17. Cosmology and the Death of Gods: New Age Religions, 
Anti-Christ, and Precession of the Equinox


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sexta-feira, 23 de junho de 2023

Lá acima naquela Serra ... O São João

Quando há uns mês estivem em Trás-os-Montes em Pitões das Júnias pelas Jornadas Galego-Portuguesas de este ano pude conhecer algo sobre esta ermida que se ergue aqui em este picoto no alto entre as rochas da Serra do Gerês. 

Gosto muito de Pitões e do que lã vejo refletido de nós no espelho português, da própria minha Galiza minha. Todas aquelas coisas que a este lado da raia se viram marginada ou agredidas e lá estão vitais: a permanência ainda do sistema comunal, dos baldios, as instituições de micro-goberno por baixo do concelho: da freguesia a assembleia de lugar, tão próprias da Galiza como de Portugal, mas que aqui de este lado da raia sem o referendo institucional terminaram esmorecendo. Sem idealizar, o certo é que há muito de nós lá, de uma Galiza que foi, assim como de de uma que pudendo ser nunca foi. 

Casa da Junta de Freguesia de Pitões

Mas não vou perder-me em divagações agora, esta imagem caro leitor que tens acima é do São João da Fraga. A esta ermida no alto da serra sobem ainda os moços não casados de Pitões justo hoje na véspera do São João para depois cortar na fraga mais abaixo o "Carvalho de São João" , que logo levam coletivamente entre todos eles ao povo para o plantar ainda com as verdes folhas coroando seu toro num lugar determinado para a festa que se sucedera logo à noite. 

árvore ou pau de maio repressentado em uma pintura de Francisco de Goya intitulada "La Cucaña"

Qualquer que saiba um pouco de antropologia e etnografia europeia, de seguida reconhecera os elementos nodais de este rito: 

a) O santuário em lugar liminar,  alongado e de acesso difícil com respeito ao nucleo da comunidade.

b) A participação no rito circunscrita aos moços em período liminar entre menino e homem adulto, cumplindo assim a função de rito de passagem 

c) O corte e colocação da árvore que entronca com esse tipo de ritos que tão bem estudara Julio Caro Baroja, como formando parte de um mesmo ciclo anual, o chamado "ciclo de maio" que, apesar do nome, cobre, em realidade, desde meados ou finais de abril ate o já o solstício com o São João e pouco depois o São Pedro, também associado a ritos ígneos

 c) E por último o conhecido ritual do lume propriamente dito, a fogueira do São João a que a árvore (o carvalho do santo) em este caso fica unida também como parte da cenografia geral da festa

Caldeirão de Gundestrup abaixo os guerreiros parecem portar ou suster uma árvore ou elemento vegetal que serve de divisor da composição, a jeito tal vez de Árvore de Maio

Este é um conjunto de elementos que vincula ritos cíclicos de renovação da natureza que se afundem no mais profundo passado europeu junto com ritos de passagem de não menor profundidade diacrónica e semântica. Uma boa mostra de porque como mostra o meu caro colega e amigo Pedro R. Moya Maleno na sua tese a etnografia se torna em um ferramenta útil, quando não essencial, para acesar a elementos da cultura imaterial dum passado proto-histórico que senão nos ficariam profundamente veados e/ou diretamente invisíveis.

Boa noite de São Jõao a todos!

Algo de bibliografia:

Caro Baroja, J. (1992): La estación del Amor. Fiestas populares de mayo a San Juan. Circulo de Lectores. Barcelona

Moya-Maleno, P. R (2020): Paleoetnología de la Hispania Céltica, Etnoarqueología, etnohistoria y folklore. BAR International Series Nº 2996, 2020,  2 Vols