terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Complexidade, Interação e Poder na Estepe

COMPLEXITY OF INTERACTION ALONG THE EURASIAN STEPPE

Bemmann, J. (2015):  Complexity of interaction along the Eurasian steppe zone in the first millennium CE. Bonn Contribution Asian Archaeology Vol. 7


Sinopse:
O volume reúne contribuições para uma conferência de mesmo título realizada de 9 a 11 de fevereiro de 2012, em Bonn com foco em arqueologia, tendo em mente questões relativas à mobilidade e comunicação ou – dito de outra forma – padrões de intercâmbio na Eurásia. O objetivo tentava romper uma inércia da pesquisa euro-asiática ainda é dominada por abordagens centradas mas no local, o que torna complicado com frequência estabelecer visões as amplas e gerais da região.

praca de ouro repressentando um cavalo do periodo Xiongnu

Como consequência, o campo amplia-se a dois aspetos que haviam sido quase negligenciados até então, como são o das comunicações de longo alcance oeste-leste na zona de estepe Eurásia além do termo genérico “Rotas da Seda”. As fontes escritas raramente lançam luz sobre o tipo de interação entre comunidades politicas nas estepes, o qual faz esta questão alvo de frequentes controvérsias científicas.

fragmento de tapeçaria do kurgan  n° 31 de Noin-Ula

As contribuições subdividense em quatro seções: 1)  primeira“Impérios Nômades – Modos de Análise”, 2) “Xiongnu, o Império Han e o Koiné Oriental”, 3) “Asia Central profunda dos turcos ao os mongois”, e 4) “Interação Nômade com o Ocidente Romano e Bizantino”

A variedade de estudos reunidos neste volume não deixa dúvidas quanto à dinâmica e diversidade das interações, processos e transformações desenvolvidas na zona das estepes eurasianas. Essas mudanças não podem ser estudadas sob esquemas comuns de interpretação que são frequentemente inseparáveis ​​de clichês superados.


INDEX

  

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segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Nova piroga monóxila topada no rio Lima

Encontrada mais uma piroga no rio Lima, em Viana do Castelo



Uma sétima piroga monóxila encontrada no rio Lima, em Viana do Castelo foi retirada no sábado, seguindo agora toda a tramitação para ser encaminhada para o Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática (CNANS), 
foi hoje divulgado 



Em declarações à agência Lusa, o vereador da Cultura da Câmara de Viana do Castelo, Manuel Vitorino, explicou que a piroga, embarcação construída a partir de um único tronco de árvore, “foi retirada das águas do rio Lima com o apoio dos Bombeiros Sapadores, acompanhados pelos técnicos de arqueologia da autarquia. “Estamos a articular com a Câmara de Esposende a cedência de um tanque próprio para este tipo de estruturas que têm de ser conservadas em ambiente salino para não se degradarem”, explicou Manuel Vitorino.

a nova piroga topada no rio Lima a passada semana, foto: Tiago Brochado

A piroga “foi encontrada, na sexta-feira, no areal do camalhão de São Simão, pelo presidente da União de Freguesias de Mazarefes e Vila Fria, na margem esquerda do rio Lima. “Foi realizado o registo da embarcação e dos elementos que se encontravam dispersos, pelo areal. Construiu-se uma estrutura rígida que, com a canoa já em cima, foi posta a flutuar com o auxílio de boias, tendo a embarcação sido rebocada até à marina da cidade onde se encontra a aguardar a sua recolha”.Segundo Manuel Vitorino, “o CNANS foi informado do achado e deverá prestar o apoio técnico para transferência da embarcação para o tanque que a Câmara de Esposende disponibilizará

vista da piroga monóxila, foto: Tiago Brochado

Trata-se da sétima que é descoberta no rio Lima, sendo que as seis anteriores encontradas em Lanheses e Lugar da Passagem, em Geraz do Lima, também no concelho de Viana do Castelo, estão classificadas como Conjunto de Interesse Nacional (CIN), tendo-lhes sido atribuída a designação de “tesouro nacional”, segundo decreto publicado em Diário da República (DR), em junho de 2021.

Daquele conjunto de seis achados classificados, a descoberta da primeira remonta a 1985, do século passado. As seis pirogas foram recolhidas do rio Lima entre 1985 e 2008. Estes bens arqueológicos encontram-se à guarda da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), nas reservas do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática (CNANS). “Trata-se de um conjunto que, no contexto da Península Ibérica, não possui paralelo tendo em conta o número de embarcações envolvidas, constituindo um testemunho notável da navegação que se praticava no rio Lima desde a Idade do Ferro, até à Baixa Idade Média, datações estas obtidas por radiocarbono”, refere o documento que confirma a classificação.

A classificação foi proposta ao Governo, em 2020, pela DGPC. A “maior parte das pirogas foi encontrada perto de um local onde, curiosamente, persiste até hoje o topónimo Lugar da Passagem”. “Esta tradição, historicamente comprovada por uma inscrição gravada num bloco de granito com a data de 1742, que ainda hoje se conserva, refere-se ao local onde pessoas e mercadorias eram transportadas e onde, mais tarde, surgira uma ponte de ligação entre as duas margens do Lima”.

A classificação agora atribuída foi proposta ao Governo, em 2020, pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC). Segundo informação disponibilizada pela Câmara de Viana do Castelo, as pirogas monóxilas são feitas a partir de um tronco de árvore, escavado para o efeito, sendo que este tipo de embarcação é conhecido, na Europa, desde a pré-história, mais precisamente desde o neolítico.

uma das pirogas monoxilas do Lima

No caso das embarcações encontradas no rio Lima, há duas as duas mais antigas estão “datadas por carbono 14, dos séculos IV/ III Antes de Cristo”“Datam, assim, da plena Idade do Ferro também conhecida entre nós por período castrejo”, refere a autarquia. Para “além de estas embarcações, com mais de dois mil anos, há ainda outras de épocas mais recentes, nomeadamente, do período da reconquista (séc. VIII e IX), sendo que “a mais tardia” remonta à Idade Média (século XI).

recriaçao de uma piroga monoxila no 2013 para uma viagem entre Lanheses e Ponte da Barca

“Por serem embarcações construídas através de uma tecnologia muito particular e, por terem sido utilizadas por tão longo período de tempo, no rio Lima, estas merecem um grande relevo e assumem uma enorme importância para a comunidade científica portuguesa e internacional”, acrescenta.Em Portugal, as pirogas encontradas no rio Lima, “são mesmo as mais antigas embarcações conhecidas das quais há registo físico, uma vez que haverá representações gráficas mais antigas, nomeadamente através de insculturas rupestres, de que é exemplo a Lage da Churra, em Carreço”, também no concelho de Viana do Castelo.

Fonte: O Minho


Trabajos de Prehistoria Nº 79/2 - 2022


TRABAJOS DE PREHISTORIA  
Nº 79/2 - 2022



Editorial

Continuidad y cambio en Trabajos de Prehistoria  pp.213-240
Pedro Díaz-del-Río Español, M.ª Isabel Martínez Navarrete, Primitiva Bueno Ramírez, Carmen Cacho Quesada, Teresa Chapa Brunet, Victorino Mayoral Herrera, Ignacio Montero Ruiz, Marta Moreno García, Ignacio de la Torre Sáinz, Juan Manuel Vicent García, Luis Rodríguez Yunta

In Memoriam

In memoriam João Carlos de Freitas Senna-Martinez (1948-2022) pp.241-242
Carlos Fabião

Artículos

Philip L. Kohl (1946-2022): Arqueología, Ética y Política  pp. 243-257
Juan Manuel Vicent García, M. Isabel Martínez Navarrete

SUBSILIENCE: Subsistencia y resiliencia humana ante los drásticos eventos climáticos acontecidos en Europa durante el Estadio Isotópico Marino 3  pp.258-273
Ana B. Marín-Arroyo

Una contribución a la problemática del sexo bioantropológico mediante análisis proteómico del esmalte dental de restos humanos de la Prehistoria reciente de la submeseta norte ibérica   pp.274-290
Ángel Esparza Arroyo, Javier Velasco Vázquez, Miguel del Nogal Sánchez, Ana M.ª Casas Ferreira, José Luis Pérez Pavón

Producción y circulación de metal en Menorca (Islas Baleares) durante
 el periodo Naviforme (ca. 1.600-850 cal ANE): los talleres de Son Mercer de Baix (Ferreries) y Cala Blanca (Ciutadella) y algunos lingotes inéditos  pp. 291-307
Pau Sureda

Hibridación y transferencia tecnológica durante el Bronce Final en el Mediterráneo occidental. Primeros casos de cera perdida en las praxis metalúrgicas de las Islas Baleares  pp.308-328
Laura Perelló Mateo, Bartomeu Llull Estarellas, Manuel Calvo Trias

La apropiación local de ideales guerreros en la Europa de la Edad del Bronce Final: una revisión del sitio de arte rupestre de Arroyo Tamujoso 8 y la estela de Cancho Roano (Badajoz, España)  pp. 329-345
Marta Díaz-Guardamino, Johan Ling, John Koch, Bettina 
Schulz Paulsson, Christian Horn, Jonas Paulsson

Un singular ambiente doméstico del Hierro I en el interior de la península ibérica: la casa 1 del Cerro de San Vicente 
(Salamanca, España)  pp. 346-361
Antonio Blanco González, Juan Jesús Padilla Fernández, Cristina Alario García, Carlos Macarro Alcalde, Eva Alarcón García, María Martín Seijo, Linda Chapon, Eneko Iriarte, Rocío Pazos García, Jorge Sanjurjo Sánchez, Alberto Dorado Alejos, Laura Tomé, Carolina Mallol Duque, Natalia García Redondo, Ángel Carrancho, Manuel Calvo Rathert


Noticiario

Estudio formal y arqueométrico del material constructivo en tierra y 
las decoraciones murales de dos asentamientos calcolíticos del occidente de la meseta norte española  pp.362-379
Héctor Juan Fonseca de la Torre, Natalia García-Redondo, Ángel Carrancho Alonso

Un fragmento de espada itálica de bronce de Santa Magdalena de
 Polpis (provincia de Castelló, España)  pp. 380-391
Raimon Graells i Fabregat


Recensiones y Crónica científica

Margarita Díaz-Andreu y Marta Portillo (coords.). Arqueología e interdisciplinariedad. La microhistoria de una revolución en la arqueología española (1970-2020). Edicions Universitat de Barcelona. Barcelona, 2021, pp. 392-394
Gonzalo Ruiz Zapatero

Bullipedia. Historia de la restauración gastronómica occidental, 
vol. 1. Paleolítico y Neolítico. Los orígenes de la cocina. elBullifoundation, Fundación Privada, RBA Editores. Roses, 2019, 590 pp. ISBN: 9788409126323  pp. 395-397
Jesús F. Jordá Pardo

Sobre neandertales y feminismo
Recensiones de Rebecca Wragg Sykes. Neandertales. La vida, el amor, la muerte y el arte de nuestros primos lejanos. Planeta. Barcelona,  2021. ISBN: 978-84-08-24655-8 y Marylène Patou-Mathis. El hombre prehistórico es también una mujer. Lumen. Barcelona, 2021, ISBN: 978-84-264-1009-2  pp. 398-400
Enrique Baquedano Pérez

Rodrigo de Balbín Behrmann, José Javier Alcolea González, Manuel Alcaraz Castaño y Primitiva Bueno Ramírez. La cueva de Tito Bustillo. Ribadesella. Asturias. Consejería de Cultura, Política Lingüística y Turismo del Principado de Asturias-Impronta. Oviedo pp. 401-403
Pablo Arias Cabala

Jean-Jacques Delannoy y Jean-Michel Geneste (dirs.). Monographie de la grotte Chauvet-Pont d’Arc, 1 Atlas de la grotte Chauvet-Pont d’Arc. Documents d’archéologie française 111-1, Éditions de la Maison des sciences de l’homme. Paris, 2020. pp.404-405
David Álvarez Alonso

Philippe Soulier. Pincevent (1964-2019). Cinquantaine-cinq années d’ethnologie préhistorique. Mémoires de la Société Préhistorique Française 68. Paris, 2021, ISBN: 2-913745-85-7   pp- 406-407
Carmen Cacho Quesada

Peter Topping. Neolithic stone extraction in Britain and Europe. An ethnoarchaeological perspective. Prehistoric Society Research Paper 12. Oxbow Books. Oxford, 2021. ISBN: 978-1-78925-705-2; 798-1-78925-706-9 (epub). pp. 408-409
Frances Healy

George Eogan and Elizabeth Shee Twohig (archaeological editor). Excavations at Knowth 7: the megalithic art of the passage tombs at Knowth, Co. Meath. The Royal Irish Academy. Dublin, 2022,  703 ils. ISBN: 078-1-911479-42-0 (tapa dura)  pp.410-412
Primitiva Bueno Ramírez

Victorino Mayoral Herrera, Ignasi Grau Mira y Juan Pedro Bellón Ruiz (eds.). Arqueología y sociedad de los espacios agrarios: en busca de la gente invisible a través de la materialidad del paisaje. Anejos de Archivo Español de Arqueología 91  pp. 413-414
César Parcero-Oubiña

Emiliano Hernández Carrión, Francisco Javier Jover Maestre, Ricardo E. Basso Rial, María Pastor Quiles y Juan A. López Padilla. Entre culturas: el asentamiento de la Edad del Bronce de Gorgociles del Escabezado II (Jumilla, Murcia). 415-416
Antonio Gilman

Libros recibidos

Reseña y libros recibidos
Equipo Editorial


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domingo, 29 de janeiro de 2023

O Báltico na Idade de Bronze - Livro

The Baltic in the Bronze Age

Hofmann, D., Nikulka, F. & Schumann, R. (2022): Bronze Age in the Bronze Age. Regional patterns, interactions and boundaries.  Sidestone Press. Hamburg ISBN: 9789464270198


Sinopse:
A Idade do Bronze é uma época de crescente interação na que as conexões a larga escala cobrem vastas partes da Europa. Em algumas regiões da Idade do Bronze muito bem exploradas certas narrativas sobre o período mostraram signos muito evidentes de hierarquização e diferenciação social, especialização do trabalho e relações de dependências matérias-primas exteriores, etc.

Em outras regiões, no entanto, apenas alguns desses aspetos aparecem, embora as mesmas  redes de contacto existiram. Este é o caso da área do Báltico, onde as regiões ocidentais e orientais apresentam diferenças dramáticas na subsistência, nas quantidades de metal produzidas e depositadas (e, portanto, presumivelmente no papel social do metal), nos padrões de assentamento ou na escala de complexidade e diferenciação dos grupos sociais. 


Uma questão particularmente interessante é a intensidade do contacto cultural que as regiões bálticas orientais mantiveram através do mar com a Escandinávia e também com regiões continentais diretamente vizinhas. Este volume reúne estudiosos de todas as regiões do Mar Báltico para discutir diferentes aspetos das interações durante a Idade do Bronze. 

Ele oferece uma perspetiva sobre conectividade e intercâmbio regional e inter-regional além dos modelos usuais de grande escala discutidos na arqueologia da Idade do Bronze e inclui estudos de caso de regiões individuais ou algumas categorias de achados e documentação gerais mais amplos com foco na diversidade e nas interconexões  ou, as vezes, sua ausência de elas.

INDEX


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Rituais em uma fonte da Idade Bronze

Fonte da Idade do Bronze com oferendas descoberta em Germering



Na Baviera, uma equipe de escavação descobriu um poço de madeira muito bem preservado com mais de 3.000 anos. Os achados no interior sugerem que fura utilizado para propósitos rituais 



Tem mais de 3.000 anos, já atingiu cinco metros de profundidade e obviamente tinha status de culto: este é o poço da Idade do Bronze que os arqueólogos escavaram este ano em Germering, na Alta Baviera. Pelo menos os achados no terreno indicam seu uso ritual. Eles conseguiram resgatar 26 alfinetes de roupas de bronze e mais de 70 vasos de barro. O grande número e a alta qualidade dos objetos indicam que eles não caíram acidentalmente no poço, mas foram depositados intencionalmente e intactos como parte de rituais de culto. 

As cerâmicas não são simples louças do dia-a-dia, mas tigelas, xícaras e potes finamente trabalhados e decorados, usados pelos povos da Idade do Bronze Médio (aprox. 1800-1200 aC). Segundo o professor Mathias Pfeil chefe do Departamento para a Preservação de Monumentos do Estado de Baviera: 

“Ainda hoje, as fontes têm algo de mágico para muitas pessoas. Eles votam em elas moedas na esperança de que seus desejos sejam atendidos. Hoje não conseguimos mais entender quais motivos fizeram aos nossos ancestrais oferecer joias e outros presentes valiosos há 3.000 anos. Mas seria óbvio que eles pretendiam ser sacrifícios para uma boa colheita”

Em todo o caso, este poço difere fundamentalmente dos restantes poços na área de escavação de cerca de sete hectares devido ao seu reaterro. Mais de 70 poços foram criados lá desde a Idade do Bronze até o início da Idade Média. Pertenceram a povoações de diferentes épocas, o que ainda hoje pode ser comprovado pelas plantas das casas e fossas de lixo. 

“Os poços foram usados para abastecer os assentamentos com água. A profundidade deste poço mostra que foi utilizado numa época em que o nível da capa freática havia baixado consideravelmente, o que sugere uma longa seca e certamente colheitas fracas. Pode-se ver uma razão pela qual as pessoas que viviam aqui naquela época sacrificaram parte de suas pertenças a seus deuses neste poço", enfatiza Marcus Guckenbiehl, arqueólogo e arquivista da cidade de Germering. 



“É extremamente raro que um poço sobreviva mais de 3.000 anos tão bem. Suas paredes de madeira foram completamente preservadas no fundo e ainda estão parcialmente úmidas pelas águas subterrâneas. Isso também explica o bom estado dos achados de  materiais orgânicos, que agora estão sendo examinados mais de perto. Esperamos que isso nos forneça mais informações sobre a vida cotidiana dos hipantes do sito durante essa época”, acrescenta o Dr. Jochen Haberstroh, arqueólogo responsável do Departamento do Estado da Baviera para a Preservação de Monumentos. 

Além das agulhas e vasos de cerâmica, a equipe de escavação também encontrou uma pulseira, duas espirais de metal, um dente de animal cravejado, quatro contas de âmbar, um vaso de casca de árvore, uma concha de madeira, possíveis tranças de grama e numerosos restos botânicos no fundo do poço. A área urbana de Germering,  estabem cuidada arqueologicamente, e fornece regularmente artefatos incomuns para a pesquisa sobre pré-história e história antiga da Baviera desde há décadas. 


Desde os inícios de 2021, os arqueólogos trabalham na preparação das obras de um centro de distribuição de cartas na área onde o poço foi descoberto. As escavações estão entre as maiores escavações de área do ano passado na Baviera. Enquanto isso, os cientistas conseguiram documentar cerca de 13.500 achados arqueológicos, principalmente da Idade do Bronze e do início da Idade Média. 

Alguns dos achados estão sendo examinados e conservados no Departamento para a Pressenvação de Monumentos do Estado de Baviera. Após a conclusão do trabalho de restauração subsequente, espera-se que eles sejam disponibilizados para ciência e o público no final do ano no Museu da Cidade de Germering

 Fonte: Archaeologie On-line



sábado, 28 de janeiro de 2023

Urbanismo na Alemanha pré-romana - Livro

DELICATE URBANISM IN CONTEXT  

    
Stoddart, S. (2017). Delicate urbanism in context: Settlement Nucleation in pre-Roman Germany. McDonald Institute Monographs. Cambridge.  ISBN: 9781902937830


Sinopse:
Este volume reúne a compreensão mais recente do urbanismo alemão pré-romano de sete estudiosos alemães, acompanhada por um comentário contextualizado de outros cinco estudiosos de universidades do Reino Unido e a América. 

O resultado é uma dissecação das diferentes dimensões de um urbanismo frágil que é compara e contrastado com outros exemplos de urbanismo mais robusto em outras lugares durante o primeiro milénio a.C. na Europa. 


Os artigos concentram-se em exemplos em Baden-Württemberg e na Baviera, mas leva a comparação até Roma e Atenas. A análise adota uma abordagem quantitativa e qualitativa, investigando os ciclos de nucleação de Hallstatt (séculos VI-V a.C.) e o período de La Tène (últimos séculos a.C.) quando surdem os oppida da Europa temperada; avaliando o assentamento rural a importância do mundo funerário, bem como as forças subjacentes ao processo de urbanização como o ritual e a economia produtiva.


INDEX

Chapter 1. Introduction  p. 1
Simon Stoddart 

Part 1 Regional differences p. 7

Chapter 2. Early Iron Age Fürstensitze – some thoughts on
 a not-so-uniform phenomenon  p. 9
Axel G. Posluschny 

Chapter 3. Urbanism of the oppida: a case study from Bavaria 
p. 27
Caroline von Nicolai 

Chapter 4.   Ritual, society and settlement structure: driving
 forces of urbanization during the second and first century bc 
in southwest Germany  p. 41
Gerd Stegmaier 

Part 2. The rural dimension p. 49

Chapter 5. The rural contribution to urbanism: late La Téne Viereckschanzen in southwest Germany p. 51
Günther Wieland

Part 3 The funerary dimension p. 61

Chapter 6. Burial mounds and settlements: the funerary
 contribution to urbanism p. 63
Ines Balzer 

Part 4. Comparative approaches p. 85

Chapter 7 Quantifying Iron Age urbanism (density and distance)
 p. 87
Oliver Nakoinz 

Chapter 8. Not built in a day – the quality of Iron Age urbanism 
by comparison with Athens and Rome p. 97
Katja Winger 

Part 5. Discussion p. 103

Chapter 9. Discussing Iron Age urbanism in Central Europe: 
some thoughts p. 105
Manuel Fernández-Götz

Chapter 10. Urbanization in Iron Age Germany and beyond p. 111
Colin Haselgrove 

Chapter 11. Urbanism: a view from the south  p. 115
Anthony Snodgrass 

Chapter 12. On the origins and context of urbanism 
in prehistoric Europe p. 117
Peter Wells 

Bibliography p. 120

Index  p. 134


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sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

A Cerâmica Cordada na Costa Holandesa - Livro

CORDEDS COASTAL COMMUNITIES


Beckerman, S.M. (2015): Corded Ware Coastal Communities. Using ceramic analysis to reconstruct third millennium BC societies in the Netherlands Sidestone Press. Leiden   ISBN: 9789088903182


Sinopse: 
A cultura da cerâmica (c. 2900–2300 aC) topasse distribuída em uma grande área, da Rússia à Holanda e da Escandinávia à Suíça. Entre os elementos supra regionais que a caracterizam incluem-se copos decorados com marcas de cordões e/ou espátulas, machados de batalha e cetos  costumes funerários como os enterros com o corpo flexionado e direcionado com especificamente de um lado ou outro segundo o género do defunto que também recebe pressentes funerários específicos dependendo de esta ultima variável.

A análise da cerâmica dos assentamentos da zona costeira holandesa forneceu novas informações muito valiosas sobre a cronologia, organização social, ideologia, subsistência e uso da cultura material dentro da Cultura da Cerâmica Cordada. Uma revisão crítica dos modelos cronológicos comummente aplicados mostra que muitas das premissas subjacentes não podem ser suportadas devido a problemas com (calibração ampla e confiabilidade da amostra de) datas 14C. 



O estudo mostra que na zona costeira holandesa neolítica, as cerâmicas de paredes finas refletem afiliações supra-regionais (com cordões), enquanto as cerâmicas de paredes médias e grossas refletem tradições regionais persistentes (Vlaardingen). Os copos decorados com impressões de cordão e espátula eram usados principalmente para cozinhar; interpretações frequente o como o suposto uso para conter devidas alcoólicas (associadas ao crescimento individualização e o consumo das elites) não puderam ser constatadas no analise das peças

Neste estudo se argumenta que a Cultura da Cerâmica Cordada representa uma aliança económica, uma totalidade dinâmica, bem como uma rede que liga grupos regionais – cada um com uma base económica, cultura material e ideologia distintas. Todas essas comunidades participaram de uma vasta rede suprarregional que era uma plataforma para trocas intercomunitárias de bens, habilidades, ideias e possivelmente pessoas. 

enxoval funerário de uma tumba da Cerâmica cordada, tumulo de Garderen Solsche Berg, Museu Nacional de Antiguidades, Leiden

A filiação a esta rede suprarregional foi um aspeto vital para todos os grupos regionais envolvidos, e a adesão a ela foi expressa por meio de um conjunto de traços comuns. Os copos de paredes finas decorados atuam como símbolos dessas redes supra-regionais e, portanto, incorporam papéis funcionais e ideológicos.


INDEX



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Cidades e Estados na Europa Céltica - Congresso

Ciudades y Estados en la Europa Celtica

  
Deixamos aqui os vídeos da sessões que durante o ano 2018 se celebraram no Museu Arqueológico Nacinal (MAN) de Madrid (Espanha) sob o tema "Cidades e Estados na Europa Céltica" no qual se avalia o fenómeno urbano durante a Idade do Ferro focado no caso da Hispânia Antiga, em comparação e contraposição aos processos de urbanização mediterrânicos e de outras áreas. 
    

Ciudades y estados en la Europa céltica. Presentación - Jesús R. Álvarez Sanchís

Los oppida célticos vistos desde el Mediterráneo - Martin Almagro-Gorbea

Oppida: identidades y emergencia de estados tribales - Manuel Fernández-Götz


Urbanismo de los oppida hispanos - Alberto Lorrio


Oppida y fortificaciones. El factor de la poliorcética en la arquitectura defensiva - Luis Berrocal


Oppida y territorio en el nordeste peninsular - Francisco Gracia Alonso


Demografía, sociedad y ciudades - Gonzalo Ruíz Zapatero


Debate sesión:  Ciudades y estados en la Europa céltica


Príncipes, señores de la guerra y ciudades en el sur de Iberia durante la conquista romana Fernando Quesada


Panoplias y desarrollo urbano en la Europa céltica - Gustavo García Jiménez


Oppida, populi, symmachíai. Niveles de integración política en Celtiberia -  Eduardo Sánchez Moreno


Alianzas y coaliciones. Dinámicas de articulación suprapolítica en la Segunda Edad del Hierro -  Alberto Pérez


Debate final. Ciudades y estados de la Europa céltica



quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

A Pia Galaica de Folgoso - Livro



Hoje deu-se a conhecer a publicação na revista Minius do Faculdade de História da universidade de Vigo, de uma singular peça da plástica galaica de Idade do Ferro, a Pia de Folgoso (Esgos, Ourense).


A peça foi topada reutilizada dentro Capela de Sâo Pedro de Folgoso, na freguesia de St Maria de Vilar de Ordelhes, no concelho de Esgos Ourense. Desconhece-se a origem de esta peça escultórica, conhecida popularmente como "A Pia" se bem não consta aos vizinhos que fora usada como pia baptismal nem para conter agua vendita em algum momento, se vem isto pudera ter sido provável em algum momento. 


A sua localização inical pudera estar em algum castro vizinho que teria servido como canteira para obter pedra na vezinhança, sem que até agora se poda concretar possiveis candidatos. Também comentarm os autores do artigo o fato de que no lugar onde a capela há varias surgente minero-medicianis e fontes com lendas tradicionais sobre mouros, e que também poderia por-se na importancia das aguas no mundo do imaginario e a religiao dos povos prerromanos da Gallaecia.


A peça é um bloque cúbico de granito rebaixado sob a parte que guarda a decoração e que na sua parte amostra uma pia levemente rectangular que lhe da nome. A decoração estendesse pelas suas 4 caras apresentando motivos bem conhecidos na plástica galaica da Idade do Ferro e época galaico-romana: crisqueles, motivos em espiral encadeados, palmelas formadas por espirais. 

pormenor da policromia da Pia de Folgoso, foto: Paco Boluda

A peça apresenta resto de policromia, sobre o qual os autores comentam o paralelo de um trisquele com resto de policromia vermelha topado durante as escavações do oppidum de São Cibrão de Lãs, ainda que comentando que possivelmente que o relevo poderia ter sido repintado em épocas posteriores a da sua fabricação durante o período romano ou já medieval, sem descartar que puderam existir baixo esses repintes mais tardios algum resto de policromia da Idade do Ferro, possibilidade que fica pendente ainda da análise físico-química dos pigmentos.

a Pedra da Povoa (Ribeira de Pena, Portugal)

A propósito do carácter isento da peça e de ter todas as suas caras decoradas se comentam alguns paralelos de pilares quadriformes topados em vários castros do Norte de Portugal, assim como a mais recente Pedra da Povoa topada em Trás-os-Montes e publicada faz uns anos, se bem os autores e mostram cautos com o possível conexão com as pedras onfálicas do mundo céltico em geral como se tem pranteado para a Pedra da Povoa.

As pedras onfálicas de Kermaria (Bretanha, França) e Turoe (Irlanda)

Deixando o possível sentido da peça seu contexto original no artigo se comenta que a possibilidade de que como sucede com algumas aras de época romana fora reutilizada como base para a mesa de um altar cristão, já que a buraco podia ser utilizada facilmente para guardar a relíquia necessária para consagrar como tal o altar

 
Artigo:
González Formoso, E (2022): "La Pía galaica de Folgoso (Esgos, Ourense)" Minius Nº  27, 2022, pp.. 35-55 PDF

artigos relacionados: 

Fonte, J., Santos Estévez, M., Bacelar Alves, L. y López Noia, R. (2009): “La Pedra da Póvoa (Trás-os-Montes, Portugal). Una pieza escultórica de la Edad del Hierro” Trabajos De Prehistoria, Nº 66/2 pp. 161-170  DOI: 10.3989/tp.2009.09022

Waddell, J. (1982): "From Kermaria to Turoe?" in B. G. Scott (ed.): Studies on Early Ireland. Essays in honour of M. V. Duignan, Belfast. pp. 21-28  PDF
 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Um Violento Neolítico Europeu


Durante boa parte da segunda metade do século passado a perceção que se teve das sociedades do Neolítico, tendia a considerar esta em geral como sociedades simples pouco ou nada estratificadas, com um índice limitado de riqueza material e pouco especializadas em quanto a divisão do trabalho. 

De este jeito o Neolítico apresentava-se como um período caracterizado por comunidades a pequena escala e com um escasso grau de competência entre elas pelos recursos do meio. Isto iria aparelhado a ideia de que o Neolítico fora uma época relativamente pacifica e sem motivações que sustiveram a necessidade da guerra como sim sucederia em períodos posteriores. Esta era por exemplo a imagem que Gimbutas amostrava por exemplo na sua visão do que ela chamou a "Velha Europa" um periodo de paz quase edénica caraterizado pelo igualitarismo social e o matriarcalismo.

Imagem de uma "pré-história pacificada" que tem sido criticada como uma mera fantasia durante as últimas décadas. Uma critica da que o clássico estudo de Guilaine, e Zammit "O Caminho da Guerra" aporta evidencias sobradas do pouco pacíficos que foram esses tempos, e segue a dia de hoje a ser uma boa síntese ainda muito recomendável introdução ao problema da guerra na pré-história, se bem nos últimos anos as evidências em este sentido não tem deixado de medrar e multiplicar-se em toda a área neolítica europeia, desde a massacre do Bolmem de Longar em Navarra a alguns santuarios e fossas comuns descobertas recentemente na chaira centro-europeia.

A osteologia apresenta uma metodologia para avaliar a presença da violência nos restos ósseos durante a pré-história, e distinguir aqueles traumatismo que são causados por acidentes daqueles resultado de uma violência intencional, permitindo estabelecer padrões de fratura para armas especificas. Lesões como as pontas de seta encaixadas são facilmente reconhecíveis mas outros tipos de traumatismos produto de armas contundentes como maças ou machadas precisam ser analisados com muito mais cuidado.

O estudo amostra evidências de violência de cerca de 10% ao menos da população neolítica estudada na Europa ocidental, marcando um aumento significativo das lesões violentas observadas no registo com respeito às populações mesolíticas, o qual faz considerar aos autores do artigo ao neolítico como um período central para entender a origem do conceito de "guerra" como tal: 

“Isso prantea a questão de saber se é possível começar a usar o termo guerra para algumas das interações violentas do período-e de fato a reconheça (bio-) arqueologicamente ao caracterizar a evidência esquelética da violência que sobrevive. O aumento da territorialidade relacionada à agricultura e pastoralismo e produção variada e sazonal de excedentes e aumentos inevitáveis e variação no tamanho do grupo, organização e desigualdade econômica provavelmente são fatores contribuintes (5). Ao mesmo tempo, é importante lembrar que a violência, como uma forma de comunicação, não é uma nova característica do período. Embora os níveis endêmicos de violência certamente estejam presentes dentro do período e da região, isso não equivale à uniformidade experimental ou numérica, nem permite a caracterização de todo o período como particularmente beligerante no contexto da Europa pré -histórica, ou mesmo da história humana como um todo. O que vemos é um aumento em eventos violentos significativos, resultando em mortes em massa, que se agrupam no primeiro neolítico da Europa Central em particular. Essa evidência de violência intergrupal sustentada e em larga escala pode de fato sinalizar a inauguração mais permanente da guerra nas relações sociais diante de mudanças sociais, econômicas e demográficas sem precedentes e complexas”

No corpus osteológico estudado pelos autores se observa igualmente um 70% de lesões causadas por seta, e um 50% causadas por traumatismos gerais. Em isto há que matizar também o fato de que o efeitos da armas contundentes como machadas ou maças apenas deixa um percentagem muito leve de lesões que afetem aos elementos ósseos do corpo, lesões contundentes de importância e que mesmo podem afeitar a órgãos do corpo ou causar a morte não sempre tem expressão apreciável em roturas ou lesões ósseas

Põe-se por exemplo o caso da fossa comum de Talheim resultado de uma massacres mas na que não em todos os indivíduos enterrados se puderam topar signos físicos de violência, se bem o contexto violento e resultado de uma massacre é pouco duvidáveis em este caso. Na chamada da Cultura da Cerâmica de Bandas há um certa abundância de fossas comunais contendo dezenas de cadáveres com traumatismo letais, mostrando que a violência era algo frequente em este cultura sobre tudo durante o período prévio ao 5000 a.C. Estas massacres indiscriminadas parecem ter incluído a tortura ou mutilação dos contrários. 

Também existe a possibilidade de que uma parte de estas fossas tenham sido resultado de outros fenómenos catastróficos como epidemias ou períodos de fome. Os analises comparativos sobre o fenómeno da violência grupal amostram que as massacres soem ocorrer dentro de um determinado contexto, em sociedades onde os desequilíbrios de poder crescentes, tanto entre grupos como dentro do grupo, favorecem dinâmicas de competição e agressão

Em estes contextos de forte crescimento das tensões levam nos aos casos de massacre massiva que têm aparelhada a desumanização por parte dos agressores dos membros da outra comunidade, que faz legitima e justifical -também toleravel- o exercio de uma violência indiscriminada e cega tanto em vida como apôs da própria morte, mutilando o cadáver ou negando-lhe um enterro segundo os ritos usuais. As  dinâmicas das comunidades neolíticas oferecem um cenário privilegiado para a aparição de este tipo de conflitos inter-comunitarios.

Motivos para a violência:

O artigo também se pranteia o problema das motivações e incentivos que um determinado tipo de sociedade ou outro apresenta para a aparição da guerra como fenómeno. Assim sociedades caracterizadas por uma de população escassa e dispersa que não ultrapassam os níveis de sustentação do meio que os rodeia têm poucos incentivos para entrar em conflito entre sim. Antes bem em uma sociedade demograficamente débil qualquer conflito armado pode supor perdas demasiado graves que podem questionar a supervivência das próprias comunidades enfrentadas. 


Uma demografia baixa favorece assim formas de violência que intentam limitar os danos letais, e tendem a seguir padrões mais ou menos ritualizados, com costumes, normas e restrições destinadas a evitar males maiores durante o enfrentamento. Uma razia ocasional em este tipo de guerra pode apenas ter como efeito a morte de um ou dois indivíduos do outro grupo. Outro padrão recorrentemente observado em sociedades com formas de guerra fortemente ritualizadas é que a motivação da guerra a maior parte das vezes sói situar-se mais dentro do próprio grupo que fora dele.



São mais as tensões internas pelo poder ou prestigio, dentro da comunidade as que se amostram na busca de botim ou de reforçar o status através do exercício de uma conduta "heroica". A intensificação da conflitualidade bélica pressente durante o Neolítico amostra outro contexto no que o aumento da demografia fruto da economia agrícola, supõe uma pressão humana maior para o médio e incentiva a competência pelos recursos entre comunidade vizinhas dando lugar a um ênfase na territorialidade e a identidade grupal. No qual fenómenos como os conflitos massivos e a violência indiscriminada intergrupal fazem sentido plenamente.   

"Enquanto a violência letal e subletal eram claramente uma característica da vida antes da domesticação, há evidências inequívocas de mudanças significativas durante o Neolítico em termos de escala, frequência e táticas envolvidas em interações violentas, quando são comparadas ao Mesolítico e períodos anteriores. Antes da domesticação, episódios de violência em massa, conforme é indicado por múltiplos enterros e ataques a estruturas fortificadas durante o Neolítico, não são evidêntes nem foram possíveis devido à natureza de pequena escala, dispersa e mais móvel das populações forrageiras."

Demografia, rapto da noiva, escravidão?

A mudança demográfica e social que supõe a adoção de sistema produção agro-gandeira e do sedentarismo, leva aparelhado um crescimento paralelo da estratificação interna dentro das comunidades neolíticas:   

"Os modos de vida neolíticos favoreceram famílias maiores e levaram à Transição Demográfica Neolítica, uma explosão populacional efetiva na qual as sociedades se desequilibraram em relação aos indivíduos mais jovens. Enquanto caçadores-rcoletores “com sucesso” só podem compartilhar os benefícios de seus esforços no curto prazo e com alguns indivíduos, agricultores com sucesso podem acumular riqueza material na forma de terra e gado que permitem e promovem famílias cada vez maiores. Essas novas formas de riqueza também eram hereditárias, o que significa que as disparidades emergentes de riqueza poderiam aumentar ao longo de várias gerações."

O artigo assinala a possível existência de formas de matrimonio poligínicas durante o período neolítico na Europa, como evidenciaria alguns estudos de ADN antigo recentes como o da necrópole de Hazleton North, sudoeste da Inglaterra, onde um único progenitor masculino dera lugar com 4 mulheres a uma família de 5 gerações com exogamia feminina:

"O surgimento de indivíduos “ricos”, especialmente em grupos mais pastoris, também terá criado condições que favoreceram a poligamia – alguns indivíduos do sexo masculino agora eram capazes de sustentar mais de uma esposa. Essa mudança aumentaria ainda mais a desigualdade ao produzir patriarcas poderosos à frente de famílias cada vez maiores, ao mesmo tempo em que privaria outros homens jovem que talvez não pudessem casar." 

Dados como este apontam a uma imagem das sociedades neolíticas como fortemente desiguais e conflituais o qual encaixa com o surgimento de conflitos intergrupais com possíveis episódios de adução de mulheres de grupos contrários como os que se evidenciam etnograficamente em alguns povos atuais. Porem os 3 locais de massacre da Cerâmica Linear (Asparn/Schletz e Schöneck-Kilianstädten) mostram uma escassez comparativamente de mulheres jovens, e em um caso de eles -Schöneck-Kilianstädten- também uma ausência de adolescentes entre as vitimas. 

A explicação provável e que estes moços foram capturados seletivamente para logo ser integrados na comunidade atacante sem que possamos precisar o seu status dentro de elas, já fora como membros da comunidade ou como escravos. As vezes, as duas categoria não estão demasiado longe, como sucedia como os nuer que capturavam escravos entre os seus vizinhos, mas estes escravos realizavam as minhas tarefas e tinham o mesmo tipo de vida que seus captores sendo usual que ao cabo de um tempo se integraram no grupo dos raptores e terminaram participando eles próprios em expedições guerreiras com eles contra os povos vizinhos, mesmo contra seu próprio grupo de origem.

dança guerreira Nuer, foto: Evans-Pritchard 1935

Boa parte das linhagens nuer de fato tinham antepassados que se integraram no povo nuer inicialmente como "escravos". Mais isto não é assim sempre e os escravos kwakiutl que eram sacrificados mesmo apenas como uma forma de amostrar a riqueza junto com outras coisas que também eram destruidas durante os potlaches apresentam uma imagem muito distinta da escravidão, e não digamos já da costume dos chamados "mortos de acompanhamento" ... mas isso já é outra história para outra postagem


Artigo: 

Fibiger, L., Ahlström, Meyer, C. & Smith, M. (2023): “Conflict, violence, and warfare among early farmers in Northwestern Europe” PNAS Nº 120/4  DOI: 10.1073/pnas.2209481119 pna

Alguma bibliografia complementaria: 

Evans-Pritchard, E.E (1992): Los Nuer. Anagrama. Barcelona. 
Guilaine, J. & Zammit, J. (2001): El camino de la guerra. La violencia en la prehistoria. Ariel. Madrid


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