sábado, 12 de agosto de 2023

A Santa que fez um Dolmen com 4 colunas soas




Da “capela” da Ile-St-Germain em Lessac (Charente), formada por uma pedra angular megalítica de um dólmen desaparecido. sustentada por quatro colunas românicas, diz-se foram colocada lá por Santa Madeleine. A santa transportara a laje do topo na cabeça, no entanto lebava as colunas dentro do seu avental. Eis aqui um novo avatar que disfarza a conhecida figura mítica da Velha, a Moura construtora de megalitos e da paisagem em geral do folkore europeu, da que já tratamos alguma vez no Archaeoethnologica (vid. aqui)

Mas como reça a legendagem, do cartão postal da imagem em realidade, e longe da explicação popular e lendaria, este resto dolmenico "foi transformado em altar cristão no seculo XI". Oferece, pois um bom exemplo de cristianização em tempos medievais dum resto "antigo" -pré-histórico- associado no Imaginario popular a obra de povos míticos e gentis de outros tempos: os nossos mouros, as fairies ou fees ou daoine-sidhe do folklore de outras latitudes europeias. 

"Os ginetes do Sidhe" obra de John Duncan, 1911

Não único em sim, há por exemplo outros casos bem curiosos de megalitos reconvertidos em capelas em Portugal, ou bem sobre os que construiu uma igreja como sucede em Cangas de Onis (Asturias) na Capela da Santa Cruz; mais sim peculiar na sua propria forma. 

anta-capela de São Dinis, Mora (Alentejo, Portugal)

De facto o curiosso efeito das quatro colunas subtentando a laje superior, além do esquisito ou ainda bizarro que pudera semelhar, tem um mais evidente parecido com a imagem tìpica e algo tòpica também de algum que outro dolmen desarbolado da sua coberta petrea e térrea pela erosão. 

Dolmen de Poulnabrone, condado de Clare, Irlanda

Demasiado curiosso talvez, para ser puro fruto apenas do mero acaso, o qual leva-nos a supor -embora poda parecer paradoxal- que a instenção consciente dos artífices de este peculiar oratorio fora reproduzir ou evocar a forma desaparecida do velho túmulo megalítico, o qual dá um novo matiz ao processo de sincretismo e/ou cristianização de este tipo tradições e inmobiliário arqueológico.

É curioso desde logo que aos "românicos" lhes dera por fazer esta "restauração" do dólmen com essas colunas em sim tão anacrônicas; seria quedaquela, naqueles recuados tempos do Medievo, havia já arquitetos "de autor" como os atuais metidos a autodidatas restauradores seica?, ou será simplesmente que o de reinterpretar o passado com o nosso presente não é nada novo ou -como já sabemos- que inventáramos faz dois dias?. 

um exemplo da "incansável" atividade construtora da Velha

Para mais sobre o tema mítico da moura/velha construtora remetemos ao já clássico artigo do nosso caro colega Fernando Alonso Romero: "Las mouras constructoras de megalitos: Estudio comparativo del folklore gallego con el de otras comunidades europeas" Anuario Brigantino Nº 21, 1998  pp. 1130-7625 PDF

  


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