Acabamos de ler recente artigo sobre um enterramento do Neolítico Final em Bréviandes les Pointes. na região de Paris, datado no 2500 A.C que vem a aportar uma interessante visão dos encontro genético e cultural entre as populações de ascendência estépico-póntica e neolítica no Ocidente da Europa.
O enterro de Bréviandes esta constituindo, seguindo a tradição neolíticauma, por uma sepultura coletiva de 7 indivíduos, e representa segundo os autores um caso inicial de mistura genética com indivíduos de origem estépica (procedentes da área da Cultura da Cerâmica Cordada). Junto a este enterramente se analisou como contraste também um enterramento individual campaniforme de Saint-Martin-la-Garenne (datado no 2300 A.C), vinculado a primeira pressença campaniforme na bacia parisina.
O estudo principia fazendo uma revisão da estado da arte atual entorno, a expansão genética do componente estépico e das culturas arqueológicas da Cerâmica cordada e o Vaso Campaniforme. A primeira zona do Ocidente Europeu em receber influência genêtica estépica foi a Suíça, no periodo entre 2.860 e 2.460 A.C, 100 anos antes de qualquer evidência de isto na Centro-Europa.
Em quanto a Centro e Norte de Europa se observa um gradiente de declinio leste-oeste na proporção de ancestralidade pontico-estépica, tipico da Cultura Cerâmica Cordada. O cenario genetico de esta região, reconstruido através do cromossoma Y, mostra a presença de diversas populações das estepes e uma diversificação dos haplotipos do cromosoma R1b. Entre eles a linhagem R1b-P312 parece ter-se originado no Vale do Reno expandindo-se posteriormente a outra zonas (como Bohémia ou as Ilhas Britânica) associado a difussão da Cultura Campaniforme
Na Península Ibérica e as Ilhas Britânicas a ascendência estépica chega mais tardiamente do que a Centro-Europa, entorno ao 2.450 A.C para o contexto insular, 2400 para Norte Peninsular, e 2200 ao sul. Nas Ilhas Britânicas isto aparece associado, como já foi comentado, à Cultura Campaniforme e a difusão haplotipo R1b L21 do P312 proprio Baixo Reno. Na Península Ibérica isto semelha mais complexo, pois os indivíduos campaniformes parecem conviver juntos sem distinção com individuos de origem neolítica. A própria cultura Campaniforme tem seu origem ibérica centrado primariamente no Vale do Tejo, e os primeiros individuos campaniformes ibéricos eram descendentes de populações neoliticas, sem qualquer resto de ancestralidade pontica
"... o Campaniforme Marítimo (MBB) marcam o início da sequência campaniforme. Estes Campaniformes Marítimos espalharam-se rapidamente a partir do estuário do Tejo ao longo da costa atlântica e ao longo do Reno ( 14 , 44 , 49 ), bem como ao longo da costa mediterrânica e subindo os vales do Ródano-Saône, sendo o Alto Reno a região com a maior recolha de Campaniforme Marítimo conhecido na Europa Central. As primeiras práticas campaniformes parecem ter se espalhado ao longo dos grandes rios europeus a partir de enclaves e depois se desenvolveram na civilização campaniforme em toda a Europa"
A zona do Reno converteria-se na zona de contacto inicial entre Cultura Cordada e Campaniforme, desde onde a cultura campaniforme se expandiria cara o leste coexistindo com o Cordado, do qual assimila praticas culturais como o enterramento individual ao mesmo tempo que provoca a mudança em outros aspeto como o passo desde uma economia pastoril para uma economia mais agrícola. Esta expansão de esta cultura campaniforme, culturalmente hibrida se caraterizaria geneticamente por uma mistura de ancestralidade neolítica e estépica com a pressença do haplotipo R1b M269 e do seu derivado P312
Bréviandes e o primeiro contacto
Dos 7 indivíduos enterrados em Bréviandes, as 5 mulheres agrupam-se com genomas neolíticos e calcolíticos da França e Espanha, e são desprovidos de ancestralidade estepe. Em contraste, os dois indivíduos masculinos (HI e FK), identificados respetivamente como filho e pai, tem proporções variáveis de ancestralidade da estepe, que contrastam com a ausência de ancestralidade estepica na mãe (A) de HI. Isto mostra que os indivíduos FK e HI representariam a chegada precoce de essa ancestralidade estépica no contexto neolítico no norte da França.
O pai (FK) presenta uma proporção de ancestralidade estépica dum 35% o qual permite reconstrui o grau desta ancestralidade no seu pai (YY) num 70%, próxima as proporções altas de outros indivíduos como o de de Ciry-Salsogne, um dos primeiros indivíduos associados à Vaso Campaniforme holandes. Isto individuo YY teria um perfil enquadra a YY no aglomerado genómico típico do Norte de Europa, que cobre o Norte de França, Holanda, Ilhas Británica e Chequia. De entre esta área geográfica ampla os autores considerarm como mais pobable como lugar de origem de YY a localização holandesa.
Pela contra as mulheres enterrados em Bréviandes partilham mais alelos com indivíduos do sul de França do que do norte de França. Afinidade genetica comparável também com outros indivíduos de regiões do sudoeste da Europa como a Peninsula Ibérica.
O Declínio da Ancestralidade estépica
Segundo os autores, por tanto, "a sepultura colectiva de Bréviandes fornece uma imagem em tempo real do processo de diluição da ancestralidade das estepes durante a migração para sul, capturando-a em acção no preciso momento em que ocorreu". O individuo reconstruido YY corresponderia com a primeira chegada da ancestralidade das estepes na França, entre 2.600 e 2.500 A.C, seguido pelo indivíduo quase contemporâneo de Ciry-Salsogne. Ascendência topada logo mais tarde em indivíduos campaniformes, enquanto indivíduos anteriores destas mesmas regiões não carregam essa ascendência, ainda que estejam associados ao campaniforme.
Em geral na Europa Occidental se observa um processo similar de diminução da proporção de ADN estepico ao longo de um período de 1.000 anos, entre 3.000 e 2.000 A.C, cum topo inicial por acima do 75% em individuos da Chequia entre o 3.000 e 2.500 A.C, descendendo até o 50% em individuos da Ceramica Cordada e Campaniforme.
Nas Ilhas Britânica a ancestralidade estepica aumentou até o 50%, e permaneceu neste nivel durante 500 anos, do que se inferiria uma aussencia de mistura entre estas populações com os neoliticos locais. Na França o declinio se sucedeu em apenas umas centenas de anos, entre o 2500 e 2250, até chegar a um 40/30 %, proporção que se manteria pelo menos até o 1700 A.C. Isto se corresponderia com uma distribução norte-sul da ancestralidade estépica:
"A incorporação adicional da Neo-ancestralidade no contexto da ancestralidade das estepes ocorreu durante a migração para o sul dos portadores de ancestrais das estepes em direção à Península Ibérica, levando à diluição da ancestralidade das estepes de ~ 25% durante o Calcolítico para ~ 13% durante a Idade do Bronze [( 15 ) e Figura 4, B e C ]. Este gradiente norte-sul da ancestralidade das estepes persistiu na Europa até ao presente"
Contactos Norte-Sul e Sul-Norte
Frente a este processo de expansão da ancestralidade estépica cara o sul as mulheres de Bréviandes permite observar igualmente a existência de movimentos do o sul cara o norte. O contraste com o componente genetico usual no norte da França junto a alta afinidade meridional, indicam que os ancestrais do grupo familiar enterrado neste tumulo teriam-se deslocado em um data relativamente recente. Em concreto a mulher E, deslocou-se desde o sul para Bréviandes onde teve a FK como filho com o individuo YY, aussente do enterramento colectivo.
Igualmente outras circunstâncias, menos novelescas, podem ter sido possiveis obviamente: contactos ocasionais relacionados com o comercio a longa distância, a hospitalidade, relações matrimoniais, fosteragem, etc, etc. Diversas motivos de deslocamento podem de certo dar lugar a estas padrões de paternidade "extranha" e aussente da criança. Outra questão interessante e a aparente discordância que se da entre o individuos asociados ao Campaniforme e o componente estépico, já que se bem os item de origem ibérica topados junto individuos do campaniforme maritimo no Norte de França aparecem asociados frequentemente a uma ascendencia estepica, não ocorre o mesmo no Vale do Reno e no Sul de França. Este aparente paradoxo geográfico na distribução genética, se explicaria tendo em conta a possivel expansão do Campaniforme desde o sul, seguindo a ruta privilegiado do Rodano-Saona cara o Vale do Reno.
Estas relações norte-sul se correlacionam paralelamente com grandes mudanças culturais e a extenssão de redes de troca a longa distancia de materias primas, aparelhadas possivelmente a movimentos, mais ou menos ocasionais ou permanente de pessoas, dando lugar a um processo de hibridação cultural do que surdiria uma nova sintese cultural que caraterizara a facies Campaniforme posterior:
"A heterogeneidade genómica no horizonte do Campaniforme em França pode ser considerada como um instantâneo representativo da assimilação contínua do modelo sociocultural da BBC sem substituição abrupta da população por pessoas com ascendência estepe, contrastando a situação nas Ilhas Britânicas onde a população com Neo-ascendência parece ter sido substituído por portadores de ancestrais das estepes.
O processo de transformação no sul da França pode, portanto, ter integrado tendências regionalmente diversas, com rejeição e aculturação variadas, como observado no registro arqueológico e nas citações nele contidas. A difusão desta nova ideologia da BBC em França parece ter sido acompanhada por uma mistura local e intra-regional heterogénea, envolvendo apenas alguns indivíduos. Seus descendentes misturados foram absorvidos nas comunidades do Neolítico Superior, como em Bréviandes, e enterrados em sepulturas coletivas seguindo vários costumes de enterramento do Neolítico Médio e Superior que diferem daqueles da Ceramica Cordade e das tradições posteriores do Campaniforme"
Artigo
Bibliografia complementar
Delibes, G., E. Guerra, E.,Velasco, F. J., Olalde, I. et alii (2019): "¿Un Ulises campaniforme en el túmulo de Tablada del Rudrón (Burgos)? ADN estépico y pendientes de oro de tipo británico en el enterramiento del fundador" Delibes, G. & Guerra, E. (eds.): ¡Un brindis por el príncipe!. El vaso Campaniforme en el interior de la Península Ibérica (2500-2000 a. C). Museo Arqueológico Regional. Comunidad de Madrid. Madrid. pp. 339-360 PDF
Miller, D. A. (1994): "Defining and Expanding the Indo-European Vater-Sohn-Kampf Theme" JIES Nº 21/3-4 pp. 307-329
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