sábado, 9 de setembro de 2023

Uma olhada a Guerra "Pré-histórica"

Hoje o nosso caro colega Cristobo de Milio Carrin deu-nos a conheçer este documento audiovisual de primeiro ordem sobre a guerra nas sociedades chamadas em tempos "primitivas", ou  que de jeito mais adequado tribais (seguindo a Sahlins) ainda que em isto ultimamente também há descontentos. O video se trata de parte do documentaio Death Birds feito por Robert Gardner.em 1963 em Papua Nova Guine, na que se mostra uma batalha real entre dois clãs do povo Dani do Vale de Baliem, os Willihiman-Wallalua e os Wittaia.

Há que ter em conta o povo dani que pelas datas da filmaçao os povo dani apenas empeçara porque aquele então a ter seus primeiros contactos com os occidentais, já que não foram descobertos até 1938 quando um bo de reconhecimento da zona topou a primeira evidèncias de eles naquela zona das terras altas Guineanas. Por tanto esta é uma filmação de extraordinario valor que mostra um imagem da vida e da forma de façer a guerra de um grupo humano ainda não inserido no processo colonial.

O vídeo mostra o que alguns autores têm denominado como "guerra ritual", um tipo de guerra de baixa intensidade ocasional, e que frequentemente tem um caráter estacional ou cíclico. Por exemplo, Roy Rappaport num conhecido estudo clássico sobre outro povo papuas os marind (aqui) observou com a recorrência das guerras tinha relação com o ciclo produtivo e os ciclos de esgotamento dos recursos cada certo tempo num sistema de horticultura singelas de tala e queima. Rappapor mostrou como estas guerras cíclicas estavam conectas com o ritual e com o todo o conjunto da organização social de este povo papue

Outro elemento interessante no vídeo é a própria forma de combater que amostra na que observa um constante baile entre o ataque e a evitação, típico de uma forma de guerra na que os combatentes carecem de proteções e estão mutuamente expostos ante o ataque do outro. O uso de armas para projetar como seta ou lanças favorecem, pela perigosidade dos projécteis, uma ausência de combate corpo a corpo ou de aproximações excessivas ao inimigo.

O combate consiste, pois tanto no ataque como na fugida e na evitação prévia, como se observa, isto da lugar a uma letalidade em certa forma controlada, com certamente mais ferido que mortos. Não é uma guerra total e a massacre no campo de batalha seja frequente, ainda que esta tampouco é desconhecida entre os dani ou outros grupos papuas. 

De facto a guerra jogava um papel fundamental entre os dani, como descrevia o próprio diretor: 

"Quando filmei em 1961, os Dani tinham uma cultura neolítica quase clássica. Eram excepcionais na forma como concentraram as suas energias e basearam os seus valores num elaborado sistema de guerra intertribal e vingança. Grupos vizinhos de clãs Dani, separados por faixas não cultivadas de terra de ninguém, travavam frequentes batalhas formais. Quando um guerreiro era morto em batalha ou morria ferido e mesmo quando uma mulher ou uma criança perdia a vida num ataque inimigo, os vencedores celebravam e as vítimas lamentavam. Como cada morte tinha de ser vingada, o equilíbrio era continuamente ajustado, com o ânimo dos lesados ​​levantado e os fantasmas dos camaradas mortos satisfeitos assim que uma vida compensatória do inimigo era tirada"

Uma oportunidade para amossar-nos a esta fenestra que nos mostra como poderia ser a guerra e a sociedade durante parte da nossa pré-história, penso sobre tudo na guerra durante o período neolítico ou ainda durante o calcolítico. 


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