segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Canibalismo, Terror e Guerra na Idade do Bronze

Lupus est homo homini, non homo, quom qualis sit non novit 
 "Lobo é o homem para o homem, e não um homem, 
se não conhece quem é" (Plauto, Asin. 495)

Entre finais dos anos 70 e inícios dos anos 80 em Sommerset (Sul de Inglaterra) realizaram-se escavações em Charterhouse Warren Farm Shaft, um grande poço calcário com um total de 20 metros de profundidade. O motivo inicial foi um descobrimento acidental, durante uma inspeção espeleológica para descobrir a entrada a um sistema de cavernas subjacente, no que toparam-se evidencias arqueológica. 



A pesquisa arqueológica mostrou vários horizontes estratigráficos que desde o Bronze Inicial (horizontes 2, 3, 4) a um estrato com restos de inhumações do Bronze Final, Idade do Ferro e época britano-romana. Nos horizontes 2 e 4 foram topados restos humanos, no 4 formados por alguns escassos exemplares de neonatos e algo de fauna, mas sobre tudo foi o horizonte 2 (situado a uns 15 metros de profundidade) o que aportou uma impressionante acumulação de restos humanos muito fragmentados. Fragmentação inusualmente alta que imediatamente levou ao escavadores a considerar um procedimento deliberado de destruição dos esqueletes. 



Neste horizonte também figuravam restos de fauna, ainda que com uma presença menor que os humanos e um vaso campaniforme, praticamente intacto que foi depositado numa esquina em contacto com a parede da cavidade. Um estudo recente (Schulting et alii, 2024) acaba de fazer um reestudo deste deposito, com um demorado analise osteológico do tratamento dos restos humanos, aportanto uma total confirmação do carater intemcional e humano da fragementação, descartando a acção de carnivoros ou roedores sobre os cadaveres, e definindo as marcas nos ossos como resultado de procedimentos de carnificina, que implicavam o processamento, descarnação, evisceração e extração da medula em alguns ossos (como o humero)



As evidências são ao respeito evidentes: multiples traumatismos e marcas de corte para a remoção da carne e demais tecidos dos ossos, ossos longos partidos, caixas torácicas fraturadas para abri-las e obter o seu contido, crânios seccionados, mandíbulas que foram separadas do resto do crânio cortando a potente musculatura que permite o seu movidemento, indicando possivelmente a extração da língua (uma delicatesem tal vez?). 


A estatística de possíveis sujeitos de este tratamento de carnificina também deixa claro o seu caráter excecional, Através dos mais de 3.000 ossos humanos individuais e fragmentos de ossos identificados, recuperados no jazigo, e que maioritariamente procedem do horizonte 2, os autores estimaram um número mínimo de 37 indivíduos, não descartando uma quantidade maior de vítimas pelo extrema fragmentação dos restos que dificulta a identificação.  Não parece existir divergência por sexo ou idade; estando pressentes tanto homens, mulher, meninos, adultos e velhos, sinalando-se unicamente uma menor representação de bebés e neonatos que considera pudera dever-se a fatores tafonómicos. A grande maioria dos indivíduos têm uma origem local, segundo as análises isotópicas


Este cenário necessáriamente tem que situar-se num contexto de violência sem precedentes no registo contemporâneo da Inglaterra de Inicios do Bronze, onde existem poucas evidências de guerra, grandes enfrontamentos bélicos ou massacres como esta. Os paralelos mais próximos situam-se pelo contrário em algums jazigos pré-históricos continentais como o celebre recinto neolítico de Herxheim, ou algumas foxas comuns do Calcolítico como Koszyce


O recinto ritual de Herxheim, que foi identificado como uma evidência de sacrifício humano e canibalismo ritual durante o Neolítico Antigo, é um bom termo de comparação com o processo de carnifica, comparável na sua minuciosidade, e processamento dos ossos que topamos em Charterhouse Warren. 

exumação em 2007 dos restos de matança de Potocari (Bosnia-Herzegovina) ocorrida durante a Guerra dos Balcãs

Os autores não descartam que a destruição estive-se vinculada a uma especial crueldade no plano simbólico com os inimigos, uma especie de "insulto corporal sistemático", no que a violência se prolongou além da morte dos vitimizados aos seus restos inertes já, mas tampouco evitam a probabilidade, muito factivel, de que os restos do poço de Sommerset foram resultado do proprio canibalismo. Canibalismo que, descartada uma crise alimentar,  apenas pode situar-se no plano do ritual religioso.

"Nenhuma dessas explicações leva em conta a maneira da morte. Isso deixa o canibalismo dentro de um contexto de conflito violento, no qual os indivíduos são desumanizados e tratados como animais. Isso não desmente o ato como um evento altamente ritualizado -na verdade, a promulgação de rituais pode ter sido essencial para isolar tal comportamento da experiência quotidiana."
O acto de canibalizar ao inimigo supõe um ato extremo de desumanização da vitima. No caso de Charterhouse os ossos não parecem mostrar evidências de que lessões foram producto da defensa, pelo que os individuos ou bem puderão ser abatidos num ataque surpresa, ou, com mais probavilidade,  foram capturados, e mortos depois durante o ritual, que remataria com o consumo antropofago dos seus corpos pelos captores. 


O amplo número de indivíduos consumidos -uns 37- indica igualmente uma elevada participação no festim canibal, talvez de centos de pessõas, segundo consideram os autores, se o depósito fora resultado de um único evento e não de vários sucessivos durante décadas, o qual tampouco descartam totalmente.


A localização dos restos num poço profundo associado a um conjunto de cabernas tampouco parece casual "e convidam a comparações com um portal para o submundo". O uso ritual das covas é algo recorrente e conhecido em diversos momentos da pré-história e proto-história e não esta ausente tampouco na Antiguidade e na Idade Media, nem carece de  prolongações no folclore atual, com cultos a santos e igrejas vinculados a cavidades rochosas, mas a sua asaosociação um ritual canibal abre uma outra possibilidade não considerada pelos autores no artigo


Fondas escuridãos e devoradores de homens

Partimos para isto da recente monografia de Brian Hayden (aqui), na que adotando uma perspetiva etnoarqueológica este autor considera a possibilidade de "Sociedades Secretas" na pré-historia. Hayden recolhe os elementos recorrentes que em distintos contextos etnográficos apresenta esta instituição, e que dos que puderam topar-se correlatos no registo material arqueológico.  Um de estes elementos recorrentes e que estas sociedades situem seus ritos fora da presença de curiosos e buscando lugares marginais, afastados do espacio habitado comum, e investidos de uma certa liminaridade, entre os que o bosque e a cova tem uma especial pressença. 



As covas aparecem como lugares de celebração das cerimonias, especialmente das iniciações, como lugares onde se guarda a parafernália sacra (mascaras, objetos rituais, arte mobre) ussado no ritual ou mesmo onde se enterram aqueles individuos que tem um status mais alto dentro hierarquia de grãos iniciáticos da sociedade secreta. 


A escuridão, as formas estranhas dos relevos cársticos junto aos efeitos que a escassa e ténue iluminação tem sob essas formas geológicas, oferecem uma cenografia muito adequada à dramática performance dos ritos desenrolados pelas sociedades nelas, que pretendem, provocar um forte efeito psicológico no neófito, acompanhado frequentemente da concorrência com estados alterados de consciência favorecidos pela depridação sensorial e alimentar, que serve de preparação previamente a celebração do rito próprio. 

membros da Sociedade dos Canibais dos kwakiutl

Mas que tem a ver isto com o festim canibal de Charterhouse Warren?. Pois bem outro dos elementos frequentes no corpus etnológico disponível sob as sociedades secretas e a presença do canibalismo nos seus rituais. Algumas, como a Sociedade Canibal dos kwakiutl do Sudoeste norte-americano, ou a Sociedade do crocodilo canibal" da África, mesmo faziam exibição de essa condição antropófaga no seu nome oficial. No caso africano era frequente que o pago do neófito para ser admitido nas sociedades fora oferecer em  sacrifício a um membro da família (as vezes o próprio filho):

"Os membros são obrigados a apresentar um sacrifício humano de algum membro da sua patrilinhagem a essa sociedade em troca de riqueza e poder. A sociedade Mina protege as cidade destas pessoas, mas os indivíduos devem procurar proteção privada junto do ferreiro, que é um dos principais Poro Zo e também um Zo da sociedade Mina ... Existem vários relatos de sociedades que praticam atos de sacrifício humano para a preparação de mencinhas" (Bellman, 1984)

Iniciados e Antropófagos 

Se e que se nos permite um pequeno salto no espaço e no tempo, não nos resistimos aqui a citar o facto de que o sacrificio do proprio filho para converti-lo em bianda dum festim canibal aparece no mito do rei arcadio Licaon. Este matou e cozinhou seu pequeno filho para o efece-lo num banquete ao seu hospede, o deus Zeus, o qual ao descobrir isto o transformou em lobo. Este mito, que tem um paralelo em outro rei pecador: Tantalo, se considera que esta relacionado com o ritual iniciatico que ocorria no sanctuario de Zeus no Monte Liceo na Arcadia, e que Platão refere algo cripticamente:   

"-E qual é o começo de ese transito do lider a tirano?, Não fica claro que quando um lider principia a fazer o que se narra no mito respeto ao templo de Zeus Liceo em Arcadia?

-E que que é o que se narra?

-Que quando alguem gosta das entranhas humanas descuartizadas entre outras vitimas, necesariamente há mudar em um lobo. Ou não escutaras o relato? (Rep.VIII.565) 

Plinio na sua Historia Natural da uma verssão mais longa e demorada ritual de Zeus Liceo, mas incidindo em que o que tornava em lobo, debia abster-se ainda em essa forma de fera de comer carne humana durante um ano para poder a recuperar a sua humanidade (NH VIII. 22/34. 81). É obvio que para os gregos a alussão mitica ao sacrificio humano ou a antropofagia resultava já repugante a sua sensibilidade ética, e a possivel concorrencia do sacrificio humano no Lykaion era apenas um recordo escuro sem pressença real já. 

acima: Dolon O Lobo, leythos ático de figuras vermelhas do seculo V, Museu do Louvre, abaixo: ruinas do templo de Zeus Likaios em Arcadia

Mais ao norte temos  contudo um magnifico exemplo de licantropia iniciatica na Saga dos Volsungos, na que Sinfjötli é levado pelo seu pai Sigmundr ao bosque para educa-lo como guerreiro. Inciaçao na floresta que remata com um explicito episodio de metamorfose lupina: 

"- Um dia mentes caminhavam pela fraga em busca de presas topara uma cabana na que durmiar dois homens ... Eram vitimas de um triste fado, pois sob a sua cabeça colgavam peles de lobo, que podiam quitar-se apenas um de cada dez dias ... Signmundr e Sinjötli colheram as peles as pusseram e como nao perderam seu feitiço já nao puderam quita-las. Os dois empeçaram a ouvear como lobos ...se internaram no bosque e cada um tomou seu caminho ... tras separar-se Sigmundr topou um grupo de sete homens e ouveou. Quando Sinfödli o ouviu correo ao lugar e mato ele sozinho aos sete. ... volveram a separar-se e Sinfödli nao entrar ainda na floresta quando topou com outros once homens e os atacou.
Sinjödli diz a Sigmund: "Tu me chamas-te para matar sete homens mas eu teu jovem aprendiz nâo te pedim ajuda para matar once" 
Sigmund o golpeu com tanta força que caeu a chão e logo lhe deu uma trabada na gorja. ...Após isto se dirigiram a foja e permaneceram lá até que puderam quitar as peles de lobo, as colheram e votaram ao fogo para que não voltaram fazer dano a ninguem. Baixo este monstroso disfraz tinham cometido numerosos crimes no reino do rei Siggeirr. E como Sinfjôdli já era maior Signmund decidiu que já estava temperado" (Volsungasaga VIII)

Como se pode apreciar o relato islandes, a pesar de estar escrito num contexto já cristiano, não oculta a vinculação entre licantropia, iniciação e sanguentos crimes. Seria tão estranho então considerar que estes rematavam na consumo dos asasinados baixo a forma de um animal considerado no contexto europeu topica e injustamente como "deborador de homens"?.  A asociação a animais depredadores ou especialmente perigosos é outro elemento recorrente entre o etnografia das Sociedades Secretas, onde tampouco falta a alussão a capacidade de alguns membros de transformar-se nos animais embleticos do culto. 

O depredador é um modelo fazilmente encaixavel na marcialidade, pois recolhe uns carateres de perigosidade, força, ferocidade,  ou mesmo qualidades tácticas (no caso dos lobos) como a capacidae caçar coordinadamente em grupos, que são muito desejaveis tanto para um guerreiro individual como para uma grupo organizado para o combate. A identificação e confussão com a besta é assim algo desejavel para o heroi, que tenta assimilar em sim proprio os carateres do depredador  asegura a vitoria na briga. Guerra e caça se confundem, e o guerreiro torna assim caçador e lobo do -e para o- homem 


Paradoxalmente isto supõe um processo de "deshumanização" inverso ao que é sinalado pelos os autores no artigo, mas que permite assim mesmo romper as normas eticas quotidianas possivilitando a matança de outros seres humanos. Trascender a condição de ser humano, e pressa potencial. tornando depredador supõe dissociar também a propria conducta dos tabus que se aplicam a condição humana e que limitam o exercicio da violència (por exemplo contra mulheres, meninos ou anciãos) ou prohibem determinadas praticas (como o canibalismo). 


Neste sentido que o sacrificio humano e o canibalismo liturgico das sociedades secretas actua  como um forma de romper, através do conculcamento activo de um forte tabu cultural, com as limitações da propria humanidade acedendo a um estado espiritual de ferocidade e poder. 

Estrategias do Terror

Voltando ao Sommerset do Bronze Inicial há outra consideração que os autores do artigo fazem sob os restos de Charterhouse Warren. O facto de que uma matança na que estiveram implicados um numero tão elevado de vitimas não pudo permanecer oculta num contexto local ou regional. Demasiada gente morta para passar desapercevido. Isto invalida que a deposição no poço calcario fora um mero intento de ocultação das evidencia do crime. Antes bem os autores consideram que o ritual deveu mesmo ter um carater "público" que tentava buscar um efeito entre as populações da zona:  

“Assumindo que um único evento é representado, a presença de pelo menos 37 indivíduos sugere o massacre de um segmento substancial de uma comunidade. Um massacre pode ser definido como a matança indiscriminada de múltiplos indivíduos, frequentemente com violência excessiva. Neste caso, a violência pode ter continuado após a morte. Tais ocorrências não acontecem isoladamente, nem emergem de 'violência sem sentido'; em vez disso, são intensamente políticas ... um evento dessa escala não poderia ser escondido e, sem dúvida, repercutiu em toda a região e ao longo do tempo. Nesse sentido, foi uma declaração política"

Ainda que isto poda resultar um pouco estranho estas observações ao nosso ver também podem ser encaixadas no padrão das "Sociedades Secretas", já que se bem boa parte das sua atibidade se baseia no secreto, e os rituais importantes nos que se transmite o conhecimento exoterico e se acedem aos diversos grãos iniciaticos ou a propria praticamente do canibalismo pelos membros da sociedade, ficam ocultos aos profanos, a realidade de este ato privado canibal é de amplo conhecimento público entre o conjunto da população. 


O  carater de "deboradores de homens" não é nenhum segredo, e forma parte da esfera pública da sociedade segreda, de igual jeito que as processões e danças rituais nas que os membros se fazem pressentes no povoado, ocultada sua identidade pelas suas mascaras e vestimentas. Performances públicas durante as quais assustam e golpeiam a mulheres e meninos baixo de essa aparência grotesta e monstrosa, e a coartada da possesão pelo espirito ou entidade representado pelo disfarze que portam

homens egdo da Sociedade do Leopardo, inicios do século XX

Hayden argumenta ao respeito que a publicidade do canibalismo das Sociedades é uma estrategia deliberada de estas para reforçar o seu poder dentro da comunidade através do terror. Esta politca "terrorista" concorda com a realidade dos relatos sob as Sociedades Secretas africanas no que a desaparição de individuos ou os cadaveres topados na floresta se sõe, atribuir a acção de alguma das sociedades, pouco importa que estes  cadaveres as vezes pressentem evidencia de ter sido caçados por algum depredador, pois isto se pode atribuir igualmente a acção de algum asociado transmutado em leão, tigre, leopardo ou qualquer outra fera que patronize a sua Sociedade.


O usso do terror para fines políticos não é algo que nos resulte estrano no mundo contemporaneo. Basta apenas lembrar as imagens das gravações de decapitações em vivo de prisioneiros difundidas on-line pelo ISIS apenas há alguns anos, mas concorda também com um conceito planteajado recentemente para entender alguns padrões de povoamento da pré-história europeia: o de "Paisagens do Medo" ( Kondor, D et alii, 2024). 


Pretendiam os perpetradores da matança espandir o medo para fins políticos e militares entre a população?. Deu logar a deslocamentos de população, a movimentos de resistência? ou a uma escalada do conflicto?, No contexto africano em efeito é relativamente frequènte que novas sociedades se formem precissamente como forma de proporcionar proteção contra os ataques das sociedade já existentes.

O Lugar e o espaço do ritual

Outro detalhe a considerar também é o proprio lugar, um poço fundo que na altura da deposição do horizonte 2 alcançava os 15 metros, e que formava parte de um sistema de cavernas. A hipotese que parecem sobster os autores do artigo é que os ossos foram precipitados desde o exterior como oferenda  apos o consumo da carne pelos participantes no ritual, que por tanto pressumivelmente poderia ter-se celebrado no exterior entorno ao poço. 


Isto é coerênte com a hipotese que os autores parecem apoiar de que a deposição foi resultado de um único episodio, e não de varios consecutivos em um periodo relativamente proximo, e igualmente com a estimação de centenares de comensais que oferecem. Embora outras possibilidades são factiveis, como por exemplo que o ritual não tivera sucedido no exterior senão nas proprias profundidades, o qual suporia um descenso dos participantes mediante cordas ao fundo da cavidade. Isto reduciria também o número de partecipantes pelo condicioante do limitado aforo dentro da caverna, e apoiaria mais uma sucessão de rituais canivales durante um periodo curto mas continuado por parte de um mesmo grupo.


Este segundo cenario seria coerênte com actividade de uma Sociedade Secreta que ussa-se o local para oficiar as suas ceremonias antropofagicas. O descenso a abismo ctonico dos partecipantes ofereceria um aspeito de risco evidente, mas também suporia cosmogonicamente uma viagem, não ixenta de certo carater iniciatico, cara as profundidades que permitiria internando-se em esse Além subterraneo entrar em contato diretos com as forças que em ele habitam. 


Apoiaria isto a pressença do vaso campaniforme praticamente compreto, que, como já observaram Levitan e Smart, foi colocado coidadosamente apoiado contra a parede rochosa, e que dificilmente conservaria a sua integridade de ser atirado contra chão do recinto dese a boca do poço a 15 metros de altura. Igualmente nos casos que cita Whyte de possiveis usos de covas como locais de rituais de Sociedades Secretas parece enfatizar-se a limitação do aforo a um grupo limitado de assistentes ao mesmo tempo que dificultade de acceso, sendo frequentes a pressença de passagens estreitas que dificultam o acceso ao localização da cavidade onde se celebra a cerimonia.


O descenso dos partecipantes e de um numero limitado victimas -ou seus cadaveres recentes- e complexo mais não impossivel. Poderia ter-se salvado mesmo em duas etapas acedendo primeiro ao sainte da caverna, que logo foi  logo colmatado pelas deposiçãos do final da proto-histõricas e da epoca romana, e que ficaria a altura do Bronze Inicial a uns 6 metros de profundidade. Mesmo pudo ser esta terraça natural um cenario complementar do ritual, se pomos em relação com labores de carnificina igualmente os exemplares de folhas liticas topados em esta, e que Levitan atribue tipologicamente também a produções do Bronze Antigo. 


De ser correta esta aventurada hipotese, isto viria a enfatizar o carater já de por si excepcional deste deposito, permitindo-nos olhar ademais, a través de uma inesperada porta, as "escuras" profundidades da ritualidade da Idade do Bronze, uma imagem qie se nos apressenta como reflexo do horror, mas também da vida interna e praticas de uma de essas mãnnerbùnde pré-históricas das que agora apenas fica a mitologia

Artigo 

Schulting RJ, Fernández-Crespo T, Ordoño J, et alii (2024): "The darker angels of our nature’: Early Bronze Age butchered human remains from Charterhouse Warren, Somerset, UK" Antiquity. Published online 2024 pp. 1-17. DOI:10.15184/aqy.2024.180

Bibliografia complementar

Bellman, B. L. (1984): The Language of Secrecy. Symbols & Metaphors in Poro Ritual. Rutgers University Press. New Brunswick.

Boulestin, B. & Anne-Sophie Coupey, A-S. (2015): Cannibalism in the Linear Pottery Culture: The Human Remains from Herxheim. Archaeopress. Oxford  aqui

Bergsvik, K. A., Dowd, M. (eds) (2018): Caves and Ritual in Medieval Europe, AD 500–1500. Oxbow Books. Oxford. 

Díaz Vera, J.E. (trad.) (1998): Saga de los Volsungos. Gredos. Madrid.

Hayden, B. (2018): The Power of Ritual in Prehistory. Secret Societies and Origins of Social Complexity. Cambridge University Press. Cambridge.

Kaliff, A. & Østigård, T. (2022): Werewolves, Warriors and Winter Sacrifices: Unmasking Kivik and Indo-European Cosmology in Bronze Age Scandinavia. Occasional papers in archaeology Nº 75. Uppsala University. Uppsala.  aqui

Kondor, D., Bennett, J.S., Gronenborn, D. & Turchin, P. (2024): "Landscape of fear: indirect effects of conflict can account for large-scale population declines in non-state societies" Journal of Royal Society Nº   21/ 217  pp.   DOI: 10.1098/rsif.2024.0210  (um resumo aqui)

Levitan, B.M., Audsley, A., Hawkes, C.J., Moody, A., Moody, P., Smart, P.L. & Thomas, J.S. (1988): "Charterhouse Warren Farm Swallet: exploration, geomorphology, taphonomy and archaeology" Proceedings of the University of Bristol Spelaeological Society Nº 18 pp. 171–239  PDF

Levitan, B. & Smart, P.L. (1989): "Charterhouse Warren Farm Swallet, Mendip: radiocarbon dating evidence" Proceedings of the University of Bristol Spelaeological Society Nº 18 pp. 390–94  PDF


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