sexta-feira, 10 de março de 2023

Volvendo sobre o Dom e Mauss

RETOUR SUR LE DON 

      
Beaucage, P. (1995): Retour sur le Don. monográfico de Anthropologie et Sociétés Vol 19 Nº 1-2  

  

Sinopse: 
Podemos dizer que a noção de troca, ao lado das de estrutura e função, fundou toda a antropologia social do século XX. Para se convencer disso, basta folhear as obras que marcaram época: a monografia de Malinowski sobre as cerimônias do Kula, o estudo comparativo de Lévi-Strauss sobre os sistemas de parentesco ou o de Leach sobre a organização política do terras altas da Birmânia. A noção de troca abrange bens, pessoas e símbolos; está associado ao equilíbrio nas relações sociais, à reciprocidade: os humanos em sociedade normalmente trocam, caso contrário, é conflito, guerra.


Em última termo, para a antropologia social, a troca, em suas diversas formas e com suas diversas conotações (mercados, transferências, dádivas recíprocas), é a própria sociedade.As discussões atuais lembram o longo debate que opôs, na década de 1960 a formalistas e substantivistas. O formalismo, cujo postulado básico é a universalidade de economizar, pode de fato ser visto como uma variante do utilitarismo: os humanos trocam, conforme agem, de acordo com seus interesses materiais. Os substantivistas opunham-lhe uma concepção de troca bem mausseana: nas sociedades primitivas e arcaicas, ela era, segundo eles, regida por normas de reciprocidade e redistribuição. 

objetos que circulavam no comercio Kula das Ilhas Trobriand

Para os pesquisadores, ambos têm em comum o descaso com uma dimensão essencial: o dom, a gratuidade, presente também nas sociedades tradicionais e nas nossas sociedades modernas. E tudo para voltar ao Ensaio sobre o dom, de Mauss, que parece não ter envelhecido. As ondas que ele levanta ainda vão além do domínio bastante restrito da antropologia econômica para questionar de forma mais geral a teoria social: o parentesco, a política, os movimentos sociais. 


De este jeito, pode ser interessante tentar responder a uma dupla pergunta: por que raramente vamos além de Mauss na reflexão sobre a troca - dádiva, ou o que dá no mesmo, por que a primeira síntese sobre esse tema o fez aparecem tão tarde na etnologia?. Um olhar para além de Mauss-Malinowski revela que a troca esteve longe de ocupar um lugar importante na antropologia durante o primeiro século de sua existência: ela só o adquiriu quando o funcionalismo substituiu definitivamente o evolucionismo, mudança que correspondeu a uma profunda mutação no pensamento ocidental.


INDEX

   
Présentation. Échange et société : avant et après Mauss PDF
Pierre Beaucage

Le don : espace imaginaire normatif et secret des acteurs PDF
André Petitat

Les « bonnes raisons » de donner PDF
Jacques T. Godbout

Marcel Mauss, l'ethnologie et la politique: le don  PDF
Marcel Fournier

Le don en Mélanésie et chez nous. Les contradictions 
irréductibles  PDF
Eric Schwimmer

Donner et prendre : Garifunas et Yanomamis  PDF
Pierre Beaucage

Don et échange dans le travail et la fête. Mauss 
en Andalousie  PDF
Pablo Palenzuela et Cristina Cruces

Le don de la mère  PDF
Marie-Blanche Tahon

La part du don dans l'adoption  PDF
Françoise-Romaine Ouellette

Le bénévolat à travers la littérature. Un objet d'étude à 
redéfinir (note de recherche)  PDF
Isabelle Cellier



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