LA MITO-LÓGICA DE LÉVI-STRAUSS
A parte da própria conceção de Levi-Strauss o palestrante situa a origem da sua teoria no contexto das suas relações ambivalentes com a escola Sociológica Francesa formada em torno a Emile Durkheim, e as divergências e afinidade em temas como o mito, o rito e as relações entre ambos e com os aspetos sociedade em geral.
Matizando através de esta contraposição ao pensamento de figuras de esta escola como Henry Hubert ou Marcel Mauss, Louis Dumont ou George Dumézil, a imagem auto-propagada pelo próprio Levi-Stauss da escola durkheiniana como uma prefiguração do seu estruturalismo e por tanto totalmente coerente com ele. Asserto que é posto seriamente em duvida.
Pessoalmente boto em falta ou matizaria alguma parte do dito elo palestrante, como o papel do durkheinismo em Eliade que considero que é mais tardio (resultado da sua etapa de exílio francês) e tem mais haber com correntes "vitalistas" muito comuns na Centro-europeia entre o XIX e a primeira metade do XX, a plasmação mais conhecida e influinte das quais seria Nietzche, mas também Schopenhauer, (ou ainda em outro ordem Dilthey e a erlebnis -experiência vivente, ou "vivência"- de sua hermenêutica historista).
Outras correntes e hipóteses de circulação na época como a teoria dos cultos agrários de Mannhardt nos seus Walt- und Feld Kulte, ou as correntes de da História das Religiões não apenas fenomenológicas senão também de tipo esotérico (como a de René Guénon), contribuirão de forma mais evidentes, e tem um maior continuidade, ao longo de toda a evolução da conceção elidiana do mito e o ritual, que o posso durkheiniano francês mais adventício
Também penso é discutível uma relação tão estreita como aqui descrita entre Dumézil e o circo de Durkheim e Mauss, do que nunca formou parte, nem dos que não discípulo direto em sentido estrito. Apesar da recensão favorável de Mauss que cita para sustentar isto, há que recordar que grande parte da obra de Mauss são recensões de obras que não tinham em principio muito ou nada que ver com os prateamentos da escola sociológica francesa como a obra de Hermann Usener ou a de Robertson Smith, sem que expressa-se tampouco nenhum antagonismo antes estas posturas.
De facto O Festim da Inmortalidade, ao igual que as outras das suas três primeiras obras: Problemas dos Centauros e O Crime das Lemnias, era de facto uma obra de clara filiação com Frazer (vid. aqui) assim como com a "Escola Naturalista" do XIX não tanto na corrente Max Mulleriana senão da de de Adalbert Kuhn. O sociologismo e as estruturas não entram na obra de facto na obra do mitólogo francês (vid. aqui) antes de que este tome contacto bibliográfico e pessoal com Marcel Granet, que primava também o rito sobre o mito mas era ao contrario que Frazer um ritualista funcionalista dentro da mais pura ortodoxia durkheiniana.
imagem da Greve Geral de 1936 na França
A pesar de estas divergências ou questões de detalhe o conjunto das 5 palestras que dão forma a este curso apresentam uma muito interessante contextualização tanto no contexto disciplinar e intelectual da época e das suas conexões, especialmente interessante como a vida política da época e a figura de do sindicalista socialista George Sorel e a sua visão do "mito" na seu livro "Escritos sobre a Violência", qualificada por alguns autores como protofascista ou quando menos para-fascistas.
1ª parte:
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