quinta-feira, 2 de março de 2023

O Männerbund neolítico de Stubline


A arte do este de Europa durante o neolítico oferece exemplos de uma plástica muito destacável, como são as figurinhas antropomorfas as quais  de acordo com as hipóteses de Marija Gimbutas se tem interpretado frequentemente como exemplo de cultos da fertilidade e de adoração da deusa/as vinculadas a terra e a agricultura. No caso da antiga URSS o equivalente de esta hipótese pode-se atopar na obra de B. A. Rybakov



Com tudo esta imagem da “Civilização da Grande Deusa” ou “Civilização da Velha Europa” tem sido criticada fortemente, e nas ultimas décadas a pesquisa mais detalhada de estas manifestações plástica amostro que em realidade esta imagem fortemente idealizada da período que vai entre o 7 e o 3 Milénio A.C, são mais uma invenção da imaginação que um facto. Como resultas de isto a própria interpretação das figurinhas neolíticas mudo consideravelmente. 


As novas interpretações, em este sentido, tendem a focar-se em fazer um estudo mais contextual dos achádegos, tendo em conta as circunstancias de deposição no registo, a sua possível funcionalidade, a hora de avaliar esta ultima cobram especial importância as analogias como contextos históricos e etnográficos tomados tanto da Historia Antiga como da pesquisa antropológica.


Uma linha muito frutífera tem sido nos últimos anos o estudo de conjuntos de peças, nos que as estatuetas aparecem agrupadas formando parte de conjuntos fechados. O estudo do contexto arqueológico e a iconografia permite avaliar detalhes da estrutura e composição de estes conjuntos oferecendo uma base sólida da que a comparação analógica pode partir.  O estudo de estes conjuntos permitiu individuar distintos grupos: 1) conjuntos de estatuetas masculinas e femininos constituídos por 13 ou 21 estatuetas, assim como 2) conjuntos relacionados com modelos de habitação. 

Comparação e Contexto: 
Um dos desafios mais importantes no estudo de estatuetas antigas é a conclusão das interpretações. Surge quando se passa da análise formal e iconográfica para a própria interpretação, o que não é possível sem reconstruir o contexto social e cultural e realizar uma análise comparativa com base em material externo. O autor delineia as linhas a ter em conta para um estudo produtivo das estatuetas: 

É importante evitar lógicas primitivas de observações baseadas em afirmações a priori como 'nas sociedades camponesas, em virtude da sua constituição familiar, os cultos da fertilidade têm de ser os predominantes, pelo que todas as estatuetas se relacionam com aquelas', com posterior disposição de precedentes separados em estudos etnográficos. Este método não é comparativo, mas apenas ilustrativo contando com a semelhança externa dos objetos. […] A comparação abrangente só é possível no nível de estruturas correspondentes, contextos históricos e etnográficos.

O uso do método comparativo pode ser produtivo se conduzido com base na comparação do seguinte: 1) ecologia e tipos de domicílios relacionados, bem como sistemas de assentamento resultantes, dinâmica de processos demográficos, etc.; 2) estruturas e contextos sociais; 3) tradições culturais dentro de certas regiões, onde experiências históricas e culturais comuns se desenvolvem com base na interconexão de diferentes culturas, bem como dentro de tradições culturais, linguísticas e étnicas únicas que se desenvolvem no tempo. Nesse caso, com base em amplos paralelos estruturais, pode-se tirar conclusões decorrentes de uma ampla base de evidência, em vez de suposições arbitrárias. Dessa forma, amplas extrapolações são possíveis, permitindo igualar eventos distantes no tempo e no espaço. Assim, as pesquisas comparativas, juntamente com a reconstrução do contexto, a tipologia arqueológica e a análise da iconografia, desempenham um papel fundamental na determinação da importância dos artefactos das culturas pré-letradas.

O autor do artigo Ilia Palaguta parte da premissa que em muitos casos estas estatuetas não necessariamente teriam que referir a divindades relacionadas com a fecundidade senão que poderiam corresponder a representação de personagens ancestrais, fundadores dos grupos, ancestrais míticos ou reais que seriam representados em estas figuras, que seriam reconhecíveis através dos códigos que a história oral e mitos de essa comunidade transmitem.



Sobre esta identificação com ancestrais ou personagens míticos, o autor argumentara em um artigo posterior que muitas das estatuetas entendidas como representação da mesma figura, uma imagem ou protótipo, como a Grande Deusa, poderia estar simplificando muito uma realidade muito mais complexa em que um mesmo tipo de figura fora identificado como varias entidades graças a adição de elementos que não se conservaram no registo arqueológico como uma policromia diferencial, elementos perecedoiros como roupas ou adornos que identificariam a pessoalidade de cada personagem e o separaria do resto


Para isso parte do exemplo etnográfico dos bonecos kachina dos índios pueblo do Norte de América. Alguns de eles como os hopi partindo de una forma básica e indiferenciada formada por uma figurinha de madeira talhada com apenas uns tipos de formas muito limitadas, distinguem em base a adição de estes elementos (pintura e vestimenta e complementos vários) até 250 personagens distintos. O papel principal na identificação diferencia de cada estatueta recai não pela forma do próprio boneco, mas a coloração, detalhes e atributos, adicionados. A decoração dos bonecos kachina corresponde às máscaras dos homens que representam aos kachinas (espíritos) nas danças rituais. 


O Batalhao de Stubline:
As implicações de esta analogia a estatuetas com as do neolítico do Este de Europa são evidentes, de facto algumas das figurinhas neoliticas europeias mostram rostros que parecem repressentar mascaras ou bem tem buracos para engadir algum elemento em materiais perecedeiros assim algumas algumas perforações na cabeça e aos lados do rostro poderiam ter a funcionalidade de sugeitar o cabelo ou tocado da estatueta. Assim mesmo algumas estatuetas também amostram perforações nas mãos para introducir algum elemento que possivelmente identificaria mais concretamente a personagem como atributo vinculado a esta.


Ao respeito o autor se concentra em um conjunto de figurinhas de entre o 5 e 4 milénio topadas no assentamento de Stubline na Servia correspondente a cultura de Vinča. O conjunto topado estava formado por 43 estatuetas esquemáticas e 11 modelos de armas de argila: cabeças de machados, de picos e de maça. Faz-se evidente de que as estatuetas formam um conjunto de indivíduos armados com armas contundentes por tanto. Cada uma das figura tem um buraco no ombro direito onde seriam fixadas os pauzinhos de madeira desaparecidos que atuariam como mango das maças e machadas.


Entre as estatuetas dos conjunto se indivídua uma de maior tamanho que as demais de uns 67 milímetros de alto. A altura do resto das estatuetas oscila entre os 33  e os 63 milímetros, pelo que a maior se situa com a cabeça ou os ombros por deriva do resto destacando-a visivelmente. É uma convenção com sobradas mostras na arte antiga de representar as personagens hierarquicamente mais importantes (deuses, reis) de um tamanho maior pelo que a interpretação de esta figura maior como o líder do grupo não apresenta demasiadas complicações interpretativas. 


Em quanto ao contexto deposicional do conjunto estas toparam-se dentro de edifício doméstico junto ao forno e sobre uma plataforma de barro, a maior parte das figurinhas sobrevive intactas in situ, quando um incêndio destruirá a morada. Este incêndio fechou o conjunto e permitiu manter as estatuetas na mesma posição que tinham em esse momento. O total das estatuetas apareciam compondo vários grupos de 10, 6 ou 3 figuras. O número de grupos puído ter sido maior em origem pois o jazigo sofrera destruições parciais posteriores e 9 estatuetas foram encontradas fora deste contexto geral, pelo que é provável que os grupos mais periféricos do conjunto puderam ter perdido estatuetas.




Rasgos como a falta de decoração por oposição a outras figurinhas da cultura de Vinča e uma fabricação mais descuidada descartam as estatuetas de Stubline em uma categoria especial de plástica de pequeno formato feita com argila. E possível assumir que conjuntos semelhantes foram mais frequentes do que o registo arqueológico refletiu e foram elaborados em argila sem coser ou materiais perecedoiros como madeira que não sobreviveram ate a atualidade. O achádego de Stubline teria perdurado pelo incêndio do local onde estavam situadas, já fora acidental ou bem intencional, há que recordar que nas culturas neolíticas da zona esta comprovada a destruição de edifícios dentro de cerimonias religiosas, algo que parece especialmente recorrente em casos como o da cultura de Cucuteni-Tripolie que cobre a zona da atual Roménia, Eslovénia e Ocidente da Ucrânia.


Os guerreiros da "Velha Europa"
Outra das questões que imediatamente pranteia a cena que compõe o conjunto de estatuetas de Stubline e o da presença da guerra entre as culturas do neolítico e calco lítico na região dos Balcãs e Este de Europa, que contrasta fortemente com a imagem "pacifista" e matriarcalista debuxada pelos estudos de Gimbutas. Nas ultimas décadas esta imagem pacificada tem sido criticada, sendo cada vez mais a evidencias que mostram a presença da guerra e da violência generalizada ao longo do neolítico europeu (tema que anteriormente tratamos aqui). 


De  fato as culturas neolíticas e calcolíticas da zona mostram evidencias claras de conflitos armados. Assim vários assentamentos da Cultura de Gulmenita-Karanovo apresentam  restos de assaltos e mortes violentas e incêndios. No povoado de Yunastsite na Bulgaria por exemplo foram topadas dentro das casas queimadas os esqueletos de um total de 47 indivíduos alguns dos quais tinham evidentes pegadas de traumatismo cranianos provocados por machadas ou picos como os evocados nas figurinhas de Stubline. Também na vizinha Cultura de Cucuteni-Tripolye se podem topar igualmente evidencias de assaltos violentos a alguns assentamentos como no caso de Druta onde se encontraram vários cadáveres como pontas de frecha ainda encravadas. A tipologia das pontas da frecha típicas da cultura de Tripolye indica que possivelmente o ataque foi produto de um grupo de indivíduo do mesmo complexo cultural que os mortos.


Em vários casos os dados apontam também a rituais guerreiros que incluiriam a decapitação e tratamento do crânio dos inimigos, ou nalgum caso também algum possível caso de canibalismo como no sitio de Căscioarele, no Baixo Danúbio, no que havia vestígios de remoção do tecidos brandos com ferramentas cortantes. No jazigo de Bolhrad da mesma cultura de Gulmenita há vários casos de exemplos de decapitação e se topou vários objetos discoides com buracos no centro (adornos, objetos de culto, troféus) esculpidos em ossos de crânio humano. 

Pirâmide de Crânios, Paul Cezánne

O autor correlaçona a situação de forte crescimento demográfico e de tamanho dos assentamentos neolíticos na área com este emerger da tenssões pela possessão do território e os recursos de este entre distintas comunidades, ressoltos a través dos  conflictos armados e nos ritualização da guerra e dos restos do inimigo faz sentido, e alude a  comparação etnográfica com  situação paralela que se deu durante a expansão de algumos grupos de agricultores indígenas dos Este Norteamericano como as celebres confederações dos iroqueses ou dos huroes:

"[...] pode-se também imaginar uma situação semelhante à observada nas escavações de assentamentos indígenas na área dos Grandes Lagos nos EUA, que remontam ao período de conflitos militares no final do século XV - início do século XVI, antes da Liga Iroquois ser estabelecido que uniu um grupo de tribos falantes das línguas iroquesas3. Durante esses tempos, os assentamentos estavam crescendo, complexos sistemas de fortificação estavam se desenvolvendo. Simultaneamente numerosos ossos fragmentados aparecem nas camadas culturais. Uma parte significativa dos restos humanos (50-70%) são partes do crânio. Isso nos leva à suposição de que as cabeças humanas eram tidas como troféus: a casa do chefe militar do inimigo iroquês, o povo Huron, era chamada de “a casa das cabeças cortadas”. As tribos iroqueses tinham uma prática generalizada de fazer adornos, alfinetes, punhais e chocalhos de diferentes ossos humanos [32, p. 283]. Assim, a tortura e assassinato dos prisioneiros mencionados por Lewis Henry Morgan, um renomado pesquisador dos índios americanos [33, p. 180–2], são comprovados por achados arqueológicos (L. Morgan preferiu não tocar no tema do canibalismo, porque seus informantes eram pessoas bastante respeitadas, como Ely Samuel Parker (1828–1895), filho de um chefe da tribo Séneca e um general do Exército dos EUA).

Nas sociedades agrícolas do sudoeste dos Estados Unidos, a evidência mais vívida de conflitos violentos remonta principalmente ao período de mudança climática nos séculos XII a XIII, embora tenham ocorrido em períodos anteriores e posteriores. Eles também ocorreram em outras áreas da América do Norte"

Em quanto ao armamento ao armamento que mostram as estatuetas de Stubline; as cabeças de maça de pedra já eram conhecidas desde o início do Neolítico na Grécia e um número significativo de cabeças de maça de pedra foram topadas na área da chamada Cultura da Cerâmica Lineal do Neolítico Centro-europeu. 

Durante o calcolítico estas são igualmente topadas nos Balcãs e Cárpatos junto com machados perfurados em pedra, picos de ponta de veado e machados de cobre. Na transição cara o 4 milénio alguns tipos de estas armas se difundiram igualmente desde a área das culturas agrícolas do Balcãs e Cárpatos chegando a região do Volga e estando pressentes igualmente no Cáucaso, onde igualmente se toparam “cetros” com representações de cabeças de cavalo. Ao respeito de este cetros se tem pranteado que seriam insígnias ou atributos de poder, mas é possível que formaram em realidade parte como decoração de mocas ou bastões de madeira..

"cetros" zoomorfos e reconstrução da possível forma de encabamento segundo Dergachev

O trabalho pouco coidado da parte posterior de estes “cetros” assim como outros carateres parecem indicar que foram colocados em um orifício no cabo de um objeto de madeira e fixados mediante cordas ou faixas de couro, comparando o autor esta forma de colocação com o encabamento de alguns ossos calcolitios e punhais de cobre, e igualmente com algumas variedades conhecidas etnograficamente de mocas e porretes de combate, como os bastões de guerra iroqueses que apresentam laminas de chifre de cervo semelhantes a estes cetros. Em outro exemplo etnográficos se testemunha igualmente a existência de elementos de osso ou sílex engadidos no remate de estas porras o bastóes

diversos modelos de bastões de guerra dos índios norte-americanos

Já durante o Bronze no segundo Milenio os machados e maças combate se geralizaram amplamente em toda Europa. O uso de bastões ou porras de madeira como arma é especialmente significativo, enquanto a maioria das estatuetas de Stubline devem estar armadas com clavas de madeira. Evidências deste tipo de arma foram descobertas recentemente no jazigo do campo de batalha de Tollense datada na Idade do Bronze e no que se topou uma coleção de várias porras de madeira. Também recorda o autor que uma clava de madeira era a arma principal do principal herói da mitologia grega, Herakles. 

"Hercules e Iolão lutando contra a Hidra de Lerna", F. de Zurbaran, Museu do Prado, Herakles em uma cratera de ática de figuras vermelhas topada em Orvieto

Uma objeção seria o facto do caráter quase de unicum das estatuetas de Stubline, fronte a maioria das figurinhas do neolítico e o calcolitico que não amostram em principio armamento. No entanto o autor sina-la que a pesar de isto sim que se pode observar nas s primeiras culturas agrícolas dos Balcãs-Cárpatos numerosos exemplos de pequenos modelos de argila imitando as formas de machados de cobre ou pedra. Este puderam considera-se apenas como brinquedos infantis mas também podem ter formado parte com estatuetas as quais estariam colocados a través de materiais orgânicos como pauzinhos de madeira orgânicos. 

sedentes de Szegvár-Tűzköves: a esquerda figura sedente portador de fouce, direita figura sedente com machado em miniatura e reconstrução do possivel mango orgânico da arma 

Um indicio em este sentido poderia estar 2 estatueta acima mencionada do jazigo Szegvár-Tűzköves: dois sedentes que parecem reproduzir a mesma posse, com a diferencia de que um apresenta apoiada no ombro uma fouce também moldada em argila, mentes que na outra tendo o oco para pousar um objeto no mostra igual elemento, embora um cabeça de maça em argila foi topado junto a estatueta.  Pelo tanto é possivel que algumas das modelos de machados conhecidos tiveram cumprido a mesma função que no conjunto de Stubline. 



Este tipo de armas contundentes fazem pensar ao autor se para proteger-se dos golpes contundentes protegidos ter-se utilizado durante o calcolito algum tipo de proteções como escudos ou armaduras feitas de materiais orgânicos como madeira, couro ou algum outro tecido como sucedia as vezes nos contextos etnográficos em que este tipo de armas estava presente. De ser assim, isso poderia explicar a falta de detalhe no acabamento das estatuetas de Stubline, já que de ir coberturas com proteções em miniatura a imitação dos guerreiros reais a decoração e o acavado se concentraria nestes aditamentos e não nas estatuetas em si próprias.

algumas armaduras de materiais orgânicos: guerreiro das ilhas Guilber da Micronésia com capacete de peixe ouriço, lança com dente de tubarão e armadura de fibras de palmeira, armadura de varinhas de madeira e gorro de madeira dos indígenas da Ilhas Aleutianas; armadura dos moro do Sul de Filipinas feita de cota de maia e placas de corno de búfalo


Classes de idade e guerreiros neolíticos: 

A iconografia do conjunto de Stubline junto com as evidencias de guerra nas sociedades neoliticas do Centro e Oeste da Europa pranteiam o problema do role que jogaria a guerra nas relaçoes sociais e como se relacionaria com a estrutura social das comunidades neoliticas. Algo que se faz evidente na zona e a diversidade e as marcadas diferencias regionais pressentes na zona que vao de sitios como a necropole de Varna que evidencia uma forte hierarquia social e exibiçao da riqueça e do poder das elites, povoados fortificados em altura como as zonas como a de Cucuteni-Tripolye nas que nao parecem topar-se evidencias de diferenciaçao social.


O próprio povoado de Stubline mesmo não parece presentar evidencias de hierarquização social e tampouco parece corresponde a um assentamento com uma ocupação continuada tipo tell, senão mais bem a um assentamento usado temporariamente durante uns anos. Isto estaria vinculado a uma forma de agricultura que aproveitaria os recursos do térreo até seu esgotamento e que logo cambiaria a localização da comunidade a outra zona ainda não cultivada. O que condicionaria um modo de vida com uma elevada mobilidade.

plano topográfico do povoado de Stubline

A estas escalas um grupo de cerca de 50 guerreiros podia concentrar a uma parte considerável dos homens em idade militar do assentamento sendo que as estimações de varões adultos dentro do assentamento poderiam estar entre 300 e 500 indivíduos de um população total potencial para todo o assentamento de entre 1250 e 1750 habitantes. Esta cifras e a ausência aparente de hierarquias poderiam ser coerentes com um modelo militar baseado em classes de idade, no que os jovens em transição a idade adulta assumiriam o role de guerreiros. 

dança guerreira nuer, ejecutada pelos jovens do grupo, foto Evans-Pritchard, 1936

O autor compara isto com o sistema de classes guerreiras de povos do este de África como os Nuer e outras tribos nilóticas nos quais também se aprecia um vinculo entre uma forte mobilidade vinculada e este caso sobre tudo a ganadaria e a vocação guerreira de estas comunidades. Também alude ao exemplos de sociedades masculinas organizadas por classes de idade no mundo antigo como o sucedia no caso espartano ou na efebia ateniense. 



Outro modelo possível e algo mais restringido de organização guerreira e o das chamadas "Sociedades Secretas Masculinas" do qual há exemplos etnográficos em Oceânia, África e América do Norte como os Guerreiros Cão (Dog Soldiers) dos Cheyene, e tal vez,  também poderiam comparar-se com os fianna da irlanda medieval. Estas sociedades secretas se encarregavam tanto de fazer a guerra contra outros povos como de manter a ordem dentro do grupo, pelo que autores como Graeber ou Hayden tem pranteado o caráter de precursores do poder politico, ou mesmo do Estado de estas instituições. 

Dog Soldier do indios Cheyene

Artigos:

Palaguta, I.V. (2022): "Проблемы генезиса абстрактных и натуралистических форм в доисторическом искусстве: художественная форма и социальный контекст / Problems of the genesis of abstract and naturalistic forms in prehistoric art: art form and social contexto" Camera Praehistorica Nº 2/9 pp. 52-63  PDF

Palaguta, I.V. (2018):  “Group Portrait of the Early Agricultural Era: A Set of Figurines of Vinča Culture from Stubline (Serbia) in the Context of the European Neolithic and Copper Age Societies"  Вестник СПбГУ Искусствоведение Nº 8/4  pp. 626-645   DOI: 10.21638/spbu15.2018.406  

    

Bibliografia complementaria: 

Dergachevm V.A (2007): О скипетрах, о лошадях, о войне: этюды в защиту миграционной концепции М.Гимбутас. Нестор-История, São Petersburgo

Hayden, B. (2018): The Power of Ritual in Prehistory Secret Societies and origins of Social Complexity. Cambridge University Press. Cambridge.

Graeber, D. & Wengrow, D. (2021):  The Dawn of Everything. A New History of Humanity. Farrar, Straus and Giroux, Nova York



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