quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

A Pia Galaica de Folgoso - Livro



Hoje deu-se a conhecer a publicação na revista Minius do Faculdade de História da universidade de Vigo, de uma singular peça da plástica galaica de Idade do Ferro, a Pia de Folgoso (Esgos, Ourense).


A peça foi topada reutilizada dentro Capela de Sâo Pedro de Folgoso, na freguesia de St Maria de Vilar de Ordelhes, no concelho de Esgos Ourense. Desconhece-se a origem de esta peça escultórica, conhecida popularmente como "A Pia" se bem não consta aos vizinhos que fora usada como pia baptismal nem para conter agua vendita em algum momento, se vem isto pudera ter sido provável em algum momento. 


A sua localização inical pudera estar em algum castro vizinho que teria servido como canteira para obter pedra na vezinhança, sem que até agora se poda concretar possiveis candidatos. Também comentarm os autores do artigo o fato de que no lugar onde a capela há varias surgente minero-medicianis e fontes com lendas tradicionais sobre mouros, e que também poderia por-se na importancia das aguas no mundo do imaginario e a religiao dos povos prerromanos da Gallaecia.


A peça é um bloque cúbico de granito rebaixado sob a parte que guarda a decoração e que na sua parte amostra uma pia levemente rectangular que lhe da nome. A decoração estendesse pelas suas 4 caras apresentando motivos bem conhecidos na plástica galaica da Idade do Ferro e época galaico-romana: crisqueles, motivos em espiral encadeados, palmelas formadas por espirais. 

pormenor da policromia da Pia de Folgoso, foto: Paco Boluda

A peça apresenta resto de policromia, sobre o qual os autores comentam o paralelo de um trisquele com resto de policromia vermelha topado durante as escavações do oppidum de São Cibrão de Lãs, ainda que comentando que possivelmente que o relevo poderia ter sido repintado em épocas posteriores a da sua fabricação durante o período romano ou já medieval, sem descartar que puderam existir baixo esses repintes mais tardios algum resto de policromia da Idade do Ferro, possibilidade que fica pendente ainda da análise físico-química dos pigmentos.

a Pedra da Povoa (Ribeira de Pena, Portugal)

A propósito do carácter isento da peça e de ter todas as suas caras decoradas se comentam alguns paralelos de pilares quadriformes topados em vários castros do Norte de Portugal, assim como a mais recente Pedra da Povoa topada em Trás-os-Montes e publicada faz uns anos, se bem os autores e mostram cautos com o possível conexão com as pedras onfálicas do mundo céltico em geral como se tem pranteado para a Pedra da Povoa.

As pedras onfálicas de Kermaria (Bretanha, França) e Turoe (Irlanda)

Deixando o possível sentido da peça seu contexto original no artigo se comenta que a possibilidade de que como sucede com algumas aras de época romana fora reutilizada como base para a mesa de um altar cristão, já que a buraco podia ser utilizada facilmente para guardar a relíquia necessária para consagrar como tal o altar

 
Artigo:
González Formoso, E (2022): "La Pía galaica de Folgoso (Esgos, Ourense)" Minius Nº  27, 2022, pp.. 35-55 PDF

artigos relacionados: 

Fonte, J., Santos Estévez, M., Bacelar Alves, L. y López Noia, R. (2009): “La Pedra da Póvoa (Trás-os-Montes, Portugal). Una pieza escultórica de la Edad del Hierro” Trabajos De Prehistoria, Nº 66/2 pp. 161-170  DOI: 10.3989/tp.2009.09022

Waddell, J. (1982): "From Kermaria to Turoe?" in B. G. Scott (ed.): Studies on Early Ireland. Essays in honour of M. V. Duignan, Belfast. pp. 21-28  PDF
 

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