Em este sentido sendo que manha muitos fogares acordaram pela manhã, com a tradição de abrir os regalos de esta noite, nas diversas variantes com que a tradição se reveste em toda a Europa e além, desde o bruxa italiana Befana, aos carvoeiros míticos ou personagens tisnados de cinza vários (como o Olenztero basco, ou galego Pandigueiro ou Apalpador) do folclores europeu, ou já sob a fascia o mais globalizada do St Claus/Pai Natal. Ê um bom momento para deixar-vos aqui este pequeno documentário ao respeito
Trata-se da versão espanhola (infelizmente não topei a original) do documentário francês Qui veut brûler le Père Noël? "Quem quer queimar o Papai Noel?" dos realizadores Julien Boustani, Axel Clevenot o qual foi traduzido ao castelhano com um mais convencional titulo: "A Verdadeira História do Pai Natal".
o Père Noël executado em efígie no ano 1951 diante da porta da Catedral de Santo Benedito de Dijon
Partindo de esta anedota o filme oferece um repasso pela historia da Pai Natal, não, isento de algum excesso interpretativo em sue inicio, sobre tudo na parte que se refere a pré-história ré-cristã da celebre figura natalícia; algumas afirmações sobre Odhin como "proto-Pai Natal" são abundo mais que discutíveis (vid. embaixo sob a "re-paganização")
O filme amostra a origem e evolução da figura no imaginário europeu, passando desde o original santo grego, e a difusão de seu culto na Europa Medieval, assim como as suas transformações o ambivalente da sua presença em distintos períodos históricos: desde a modernidade a contemporaneidade. Permite-nos ademais uma infrequente oportunidade de ver ao historiador John Scheid, falando não da religião romana senão das suas lembranças infantis do Natal, como menino luxemburguês.
O documentário apresenta uma interessante perspetiva a este respeito da o que em termos "howsband-rangelianos" chamaríamos a "invenção da tradição", no que se mostra os distintos avatares das figura festiva de estea personagem no Imaginário desde múltiplos aspetos: Tanto as controversas relações com a ortodoxia religiosa, já for católica ou protestante, assim como os diversos fatores políticos que configuraram e reformulam a sua figura em distintos períodos históricos.
o Apalpadador vs. St. Claus, Galicola vs Coca-cola, ou a conflitual realidade da nossa glolocalidade atual
Algo especialmente interessante ao respeito e que frente a imagem dulcificada do Pai Natal atual o documentário não esquece alguns carateres mais inquietantes da figura tradicional como sua dobre natureza, não apenas como oferidor de prémios senão como punidor das crianças que fazem mal.
Já fora por mão própria ou a través de figuras sinistras como o Pedro o Preto neerlandês ou o figura germana do Krampus raptor de meninos/as, uma espécie de "Homem da Saca" demoníaco que sai nestas datas apanhar aos meninos que se portaram mal durante o ano.
"O Terror do Krampus" figura típica destas datas na Centro-Europa
Companhias monstruosas do Pai Natal que remitem a figuras como as das distintas mascaradas de Natal Alpinas ou datas próximas, que não deixam de ser mais que outro avatar das velhas mascaradas do ciclo invernal, como já observara o arqueólogo e historiador das religiões Martin P. Nilsson, em um interessante e extenso artigo intitulado "Studien zur Vorgeschichte des Weihnachtsfestes" , no que abandonado o seu âmbito de especialização usual na Grécia Antiga e Proto-histórica, investigava a pré-história antiga das costumes natalícias do folclore europeu
O Bispo Nicolas com seu cortelhol; a Nikoloweibl "A Nicolasa" -literalmente o Nicolau fêmea- figura feminina paredro do bispo, e os os demoníacos Buttnmadl "homens de palha"
As relações entre elas e o velho Klaus são diversas, desde uma separação clara entre ambas duas entidades, a uma evidente união solidária como acontece com os monstruosos Kramperl e Buttnmandl ("Homens de Palha") que processionam acompanhando ao Bisco St Nikolaus de brancas e longas barbas na localidade bávara de Berchtesgaden.
Outras figura embora fiquem independentes do Santo Bispo grego, conservaram algum aspeto ou pegada da sua associação a ele, como sucede com o transparente nome de os Klausen (os Klauses, e dizer "Nicolasinhos") que levam estes demos do selvagem no povo de Oberstdorf, localidade sita também na Bavária alpina.
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