extensão geográfica máxima da Cultura de Przeworsk
Espolio funerario das tumbas 21 de Kleinheide-Guryevsk e 269 de Dollkeim-Kovrov
Apenas se observam em Lituânia enterramentos com cães mas num período muito mais tardio e vinculado a influencia vikinge já, prolongando-se logo ate finais da Idade Media. Assim o príncipe lituano Kęstutis fora cremado em 1382 junto com vários cavalos, pássaros e cães. Uma multiple sacrificio que recorda na sua fastuosidade ao da tumba Rickeby na Suecia. Em estes casos parece vincular-se o sacrifício de animais com o status do defunto que é recebente de tales oferendas.
Na zona Escandinávia foram igualmente testemunhados enterramentos com caos durante o mesmo período (s. V-VIII) e sobre tudo já durante a época viking. Na escandinava predominam os enterros com cães junto ao ritual de cremação durante o período vendel (pré-viking), mas focados geograficamente num inicio na zona Central da Suécia, posteriormente expandidos também a zonas mais ao Norte como Finlândia. Embora durante a época das migrações no entanto apenas se testemunhou um único enterramento com canídeo junto a um defunto.
restos de canídeos da necrópole Valsgärde (Uppland, Suecia)
Tudo parece indicar que não foi precisamente ate a fase Vendel (550-793), sobre tudo a meados do s. VI, que se estendeu o ritual de enterramento com cães, predominando em ele as cremações, ainda que sem exclusividade na associação, sendo possível também topar canídeos junto a cadáveres inumados. Não há esquecer que durante o período vendeliano a Suécia teve importantes relações comerciais e contactos com a zona centro-europeia tanto merovíngia como saxã.
Ao mesmo tempo no oriente de Europa parece ter-se difundido o costume do enterramento com cães, aparecendo não apenas entre indivíduos varões senão também em algumas ocasiões entre mulheres, como no caso de uma tumba do s. XIII de Plotiste (Chequia) no que figuram cremadas 3 mulheres e um cão, ou de uma tumba de ou Illington (Inglaterra) onde apareceu cremado um bebe junto com um cachorro. No entanto a cremação parece retroceder frente a uma tendência maioritária a inumação.
Na maioria das vezes, os cães são enterrados um a um, geralmente acompanhando uma única pessoa, embora, como já vimos, haja exceções, e em ocasiões se enterrem vários indivíduos com um mesmo cachorro, o qual coincide com padrão observado em Dollkeim-Kovrovo era muito frequente. Ainda que apareçam em ocasiões enterros de cães associados a mulheres e meninos (nos quais podaríamos supor uma questão de status adscrito) o mais frequente e que este ritual se vincule prioritariamente a enterramentos masculinos, que normalmente soem também conter armas e itens de prestígio, como espadas. No século V e VI este tipo de enterramentos soem concentrar-se na zona de expansão e povoamento dos lombardos (entre o Alto Elba e o Danúbio) e na área merovíngia sobre tudo no Norte na cunca do Reno.
Nos enterramentos do âmbito germânico dominam enterros com armas como scramaxes e lanças, ao igual que topamos nas tumbas Kleinheide-Guryevsk e Dollkaim-Kovrov. É difícil dizer se a presença das armas pretendia enfatizar a pertença do falecido a uma determinada casta/estrato militar, mas parece que a presença de cães nestas sepulturas deve ser considerada também do ponto de vista do "caráter militar" de estas tumbas
É bem conhecido o tema da sociedades guerreiras do mundo indo-europeu e germânico, e de como seus membros podiam metamorfosear-se e/ou adquirir as características do lobo e outros animais selvagens, ao entrar em êxtase durante os seus rituais guerreiros. Igualmente lobisomens são bem conhecidos no folclore de vários povos europeus, Olao Magno no século XVI evidencia crenças de este tipo para a Prússia, Lituânia e a Livónia bálticas, onde ainda se testemunham rituais peculiares relacionados como o folclore de estes seres como o celebre caso do Velho Thiess, lobishome processado pela inquisição, que tão bem foi estudado pelo historiador italiano Carlo Ginzburg
Além da escandinavia também habia “lobos/cães-guerreiros” entre outras tribos germânicas, como evidencia Paulo Diacono entre os lombardos, que figuravam nas sua tropas a existencia de guerreiros com cabeça de cão (Hist. Long, I, 11), o qual aparente descreve o usso de máscaras de cachorro, similares ao heraldo de pele de lobo que os romanos toparam entre os celtiberos ao assediar Segeda ou aos bersekhir escandinavos. O próprio nome antigo dos lombardos Vinnili segundo Samson poderia ter o significado original de os "cães loucos", o qual nos levaria ao ámbito da fúria guerreira incontível dos guerreiros-lobo.
“Essas pessoas, aparentemente, lobisomens. Afinal, os citas e helenos que vivem na Cítia dizem que uma vez por ano cada Neuros se torna um lobo por vários dias e depois retorna ao seu estado anterior novamente” (Herod. Hist, IV.105).
"Evantes, o qual merece credito entre os autores da Grécia, escreve que os arcádios conta que um da família dum tal Anto, elegido a sortes entre o povo foi levado a uma lagoa da região, e trás pendurar seus vestidos em uma azinheira, vota-se a nadar e se vai a paragens ermos e transformando-se lá em lobo se une com outros da mesma espécie durante nove anos. E acrescentam que, sempre que se afaste dos homens, volve a mesma lagoa e após cruza-la recobra sua forma humana, engadindo a seu aspeto os nove anos de velhice, e mesmo recupera a própria roupa que lá deixara" (Plinio, N.H. VIII.34)
"Varrão [...] relata não menos incidíveis [...] e também sobre arcádios que, trás vota-lo a sortes, cruzavam a nado uma poça e na outra beira tornavam lobos e viviam entre as bestas em lugares solitários da região. Mas se não comiam carne humana, após cruzar ao cabo de nove anos, recuperavam sua forma humana. Mesmo este autor mencionou que um tal Demeneto que participou no sacrifício de um jovem os arcádios levaram a cabo em honor do Zeus Liceu, se transformou em lobo. Aos dez anos recuperou a sua forma própria e treinou no boxeio, conseguindo vencer nos jogos olímpicos." (Agust. C.D. XVIII. 17)
Em este sentido é interessante por como contraexemplo a comparação com a história de transformação lobuna que dentro do Ciclo dos Volsungos/Nibelungos sofrem os os heróis Sigmund e Sinfjötli (pai e filho) durante a educação como guerreiro do mais jovem de eles:
"Um dia mentes caminhavam pela bosque em busca de presas, toparam uma morada, na qual durmiam dois homens com grandes braçais de ouro. Eram vítimas de uma triste fada, pois sobre suas cabeças penduravam peles de lobo, que podiam quitar-se apenas um de cada dez dias. Ambos eram filhos de rei. Signmund e Sinjtöldi colheram as peles e as pusera, mas como não perderam seu encanto, não puderam jà tira-las de sim. Os dois empeçaram a ouvear como lobos, mas ambos dois compreendiam o sentido do ouvear do outro.
Se adentraram na fraga, e cada um tomou um caminho. Mas antes de separar-se combinaram em que atacariam apenas se viam sete homens, nem um mais, e que se um estava em perigo ouvearia forte [...] Sinfjötli encontrou-se com 11 homens, os atacou e consegui mata-los a todos
[...] Traz de isto se dirigiram a uma fossa e permaneceram lá até que puderam quitar as peles de lobo. A colheram e tiraram com elas ao fogo para que não voltaram danar a ninguém. Sob esse monstruoso disfarce cometeram numerosos crimes no reino de Siggeir. E como Sinfjötli, já era maior Signmundr decidiu que já estava temperado para executar a vingança." (Volsunga Saga, VIII)
Artigo:
Alguma bibliografia complementar:
Díaz Vera, J.F (trad.) (1998): Saga de los Volsungos. Gredos.Madrid
Lozano Gómez, F. (2008): "Los devoradores de hombres el culto a Zeus Liceo y la licantropía en Arcadia" in: Ferrer Albelda, E Escacena Carrasco,J. L. y Mazuelos Pérez (edits): De dioses y bestias: Animales y religión en el Mundo Antiguo Universidad de Sevilla. PDF
Fedele, A (2022) "Dog’s burying in Lombard cemeteriesduring the period spanning the 5th to the 7th centuries CE. An interpretative reading of the ritual trough the different funeral spaces" Oliveira, A.F da Silva, Coelho, A, Madruga; José Simões, J. & De Sousa, S. R., Vieira (edits.) Juvenes. The Middle Ages seen by young Researcher. Publicações do Cidehus, 2022 DOI: 10.4000/books.cidehus.18988
Gräslund, A. S. (2004): Dogs in graves – a question of symbolism? in: PECUS. Man and animal in antiquity. Proceedings of the conference at the Swedish Institute in Rome. Swedish Institute in Rome, Roma. pp. 167-176 PDF
Hollinger, Ch. (2019): "Ein Bildzeugnis germanischer Maskenkrieger aus Vindonissa" Gesellschaft Pro Vindonissa Jahresbericht 2018 pp. 3-17 PDF
Kontny, B. (): "Przeworsk culture society and its longdistance contacts, AD 1–350" in: Urbańczyk, P.: Polish Lands from the First evidence of human presence to Early Middle Ages The Past Societies Vol. 4. pp. 163-216 PDF
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Peralta Labrador, E. (1990): "Cofradias guerreras indo-europeas en la España Antigua" El Basilisco Nº 3 pp. 67-66 PDF
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Tenreiro-Bermúdez, M. & Moya-Maleno, P.R. (2018): “Sacrifício, Circunvalação e Ordálio na Hispânia Céltica: uma aproximação em longue durée à ritualidade do Espaço e do Tempo” Tempo, Revista de História Nº 3 24/3 pp. 652-686 DOI: 10.1590/tem-1980-542x2018v240313
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