From house societies to states
Moreno García, J.C (2022): From House Societies to States: Early Political Organisation, From Antiquity to the Middle Ages. Oxbow Books. Oxford ISBN: 9781789258622
Tenho que confessar que estou tremendamente intrigado com este livro, tanto pelos temas de indubitável interesse que trata, e pelos quais este Archeoten que escreve tem um interesse que bem de longe já (mesmo desde meus anos formativos): temas como as chefias, a complexidade social ou a origem do Estado, assim como as possíveis alternativas a ele, o que a escola russa denominaria, outras formas disponíveis de "politogénese".
Pergunto-me que uso farão um uso com jeito do conceito de "casa", ao falar de "sociedades de casa", um termo que se fiz popular nos últimos anos em meios arqueológicos, para contextos e lugares muito diversos, mais que por essa mesma elasticidade na sua utilização resulta a vezes confuso ou demasiado abarcante; englobando sociedades muito diversas tanto pela sua estrutura como grau de organização e complexidade
Pessoalmente penso que o mais ajeitado e aplica-lo, e mesmo diria "circunscreve-lo", a exemplos de chefia ou chefias descentralizada/s. Isto responderia a forma que pranteou Levi-Strauss o termo quando falou por primeira vez de "Societes a Maison" comparando as chefias hereditárias do costa SO de Norteamerica, com a aristocracia europeia medieval e moderna, a através do conceito de "casa nobre" (linhagem. se se prefere), a maneira que o usaria um Otto Brunner por exemplo (artigo aqui).
Além de isto outro motivo pelo que também estou expectante é porque um dos contribuintes (Vidali) introduz, por fim, na discussão da arqueologia "ocidental" o conceito de homoarquia de Bondarenko. O qual, frente a inflação constante nos ultimos tempos do uso do termo heterarquia, tem sido obviado ostensivelmente. A pesar de ser a homoarquia -e não a hierarquia- na definição do autor o antónimo real da heterarquia.
Algo mais incompreensível se reparamos no facto de a a obra onde o antropólogo russo desenrola este conceito, não esta redigida na sua língua natal, senão em um correto inglês (vid aqui) pelo que seria a priori facilmente acessível para qualquer arqueólogo ocidental sem ter que contar com conhecimentos de línguas eslavas.
Não sei como o quadrara a aplicação da diada heterarquia-homoarquia (um visão geral do tema aqui) coa interpretação arqueológica na sempre há um risco evidente quando se importam hipóteses ou termos de outras disciplinas (das quais não sempre temos o conhecimento necessário, há que admiti-lo), e menos com o caso de uma civilização já urbana como a de Harappa.
O risco de mal interpretação do sentido e significado do termo ou mesmo de cair em "travestismo"categorial é obvio. Sucedeu assim com o termo heterarquia igualado, as vezes, confusa -e erroneamente com "igualitarismo" ou ausência de hierarquia, contra a própria definição inicial que Crumley oferecera do termo (vid. aqui) e que haveria que entender como uma "pluralidade" de hierarquias (ou si se prefere poderes, status ou rangos) sem uma organização consolidada verticalmente que as unifique.
Sinopse:
A organização e características dos estados primitivos e
antigos tornaram-se nos últimos anos o foco de renovado interesse para os
arqueólogos, historiadores da Antiguidade e antropólogos Por um lado, os esquemas
neo-evolucionistas de cambio político
têm dificuldades em definir alguns de seus conceitos mais básicos, como os de 'chefia',
'chefia complexa' ou 'estado', por não falar já das formas de transição entre uma
e outra destas categorias.
Este livro explora as organizações sociopolíticas de pequena escala, seu potencial e as trajetórias históricas que o estimularam através de uma seleção de estudos de caso históricos de diferentes regiões do mundo. O qual pode ajudar a repensar conceitos e visões atuais sobre o surgimento e organização da complexidade política e os mecanismos que, ocasionalmente, impediram, consolidação em formas políticas perduráveis.
Isto pode lançar igualmente alguma luz sobre as possíveis trajetórias, ainda mal compreendidas, do próprio câmbio histórico, e de questões conexas como quais são os limites e até pode chegar realmente, o poder efetivo dum Estado.
A obra explora a importância da pesquisa comparativa e
perspetivas históricas de “longo prazo” para evitar interpretações simplistas,
baseadas no exemplo dos modernos estados ocidentais modernos os quais, são
frequentemente usados de forma abusiva retrospetivamente para interpretar
outras sociedades com uma realidade muito diferente.
INDEX
From house societies to states: An introduction
Juan Carlos Moreno García
The great houses of Mesopotamia: tripartite houses and the
formation of the City State
Pascal Butterlin
Egalitarism, hierarchy, heterarchy and homoarchy:
which evidence for the Indus Valley Civilization?
Massimo Vidale
Houses, regions and state(s): Multiple political experiences
in pharaonic Egypt
Juan Carlos Moreno García
Communities, ‘houses’, and political organization
in the Mycenaean world
Dimitri Nakassis
Emergence and legitimation of princely authority in
the Early Bronze Age of Central Germany
Harald Meller
Neighbourhoods as ‘house societies’ in ancient Teotihuacan, Central Mexico. Exclusionary organizations in a corporate social and political environment
Linda Manzanilla
House Societies and the Classic Maya: An Epigraphic View
James L. Fitzsimmons
Gathering Salinar houses: Platforms-as-assemblages in ancient
coastal Peru
David Chicoine & Jacob Warner
Communities, urbanism and state building in the Lake Chad region
Carlos Magnavita & Scott MacEachern
Negotiating visions of the house in West Africa: From dispersed agricultural communities to alternative complexities to the state
Stephen Dueppen
Early Medieval state formation: A view from two peripheries
Julio Escalona Monge
Trading polities and “sea people” of maritime southeast Asia
Bérénice Bellina
+INFO sobre o livro em: From House Societies to States
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