Em uma realidade por é definição multicausal, na que não só há multiplex causas atuando, senão distintos níveis e estrato de causalidade, superpostos um ao outro em, solando-se em paralelo mais que entrecruzando usualmente, mas que formam em conjunto o tecido intrínseco, más não sempre obvio, do real, não se trata as vezes tanto de estabelecer a causas senão de perceber quais de elas são significativas, e sobre tudo, relevantes em cada plano contextual.
Há cousas que podem ser de tipo mais pragmático, instrumental, e outras que dificilmente poderiam parametrizar-se com os critérios das anterior, mas que fazem sentido em circunstâncias onde o feito de uma resposta baseada em uma causalidade instrumental ou monista pura não é uma boa opção, de certo. E mais, em algumas de estas circunstância pode mesmo ser uma opção, grosseira intelectualmente e ainda inadequada, mas também incomoda ou mesmo reprovável científica ou socialmente.
Ponhamos um caso hipotético, mas muito
corrente. Assistir a o velório de um familiar de um bom amigo/a. Todos
conhecemos esse tipo de situações e contexto, as frases feitas recorrentes nas
que nos apoiamos como numa muleta um eivado, quando não sabemos de facto que
dizer, e ao mesmo tempo queremos expressar o nosso pesar, e solidariade a
pessoa que temos diante “Não somos nada”, “acompanho-te no sentimento”, e todas
as perguntas associadas para mitigar o silencio subsequente e mitigar a tensão
e a dor-contida, entre elas “e como foi?”, ante este tipo de perguntas, há
respostas prefixadas e convencionais “foi-se bem”, “não sofreu muito apenas se
enterrou”
Ninguém esperaria receber, um ex. aleatório, em estas circunstancia depois dum corrente “e como foi?” uma resposta do familiar ou amigo que fora uma longa descrição forense de como se produziu a óbito, seguida de uma descrição bioquímica de todos processos que sofre após o cadáver ate chegar ao rigor mortis, ou detalhe aspeitos mais macabros como quando as bactérias intestinais do defunto, ante o paro do metabolismo, se expandem famintas pelo torrente sanguíneos e empeçam a roer os ossos do esqueleto num ultimo e agonizante estertor.
É obvio que todas estas
causalidades se bem cientificamente corretas e acordes axiomaticamente coa
pergunta, não são obviamente o que nenhum nem outro esperaria, nem pode esperar.
Ante estes profundamente humanos, demasiado humanos, uma resposta, uma causa,
puramente física não nos satisfazeria em esses momento, e não é o que esperamos
receber nem daríamos. Uma coisa são os sintomas mas a pergunta sobre “como estou?” tem outras implicações. São
perguntas existências, ou melhor dito “humanas” que complicam a resposta.
As vezes, quando nos perguntamos “porque?, esse "porque?” não é só que não esperemos resposta ou que esta seja retorica ou formal, e que necessitamos “outro tipo de resposta”, uma que seja congruente não apenas com o contexto, e satisfaça as condição de verdade lógica, senão que mais intimamente satisfaça pessoalmente a “nossa necessidade” concreta. Um porque não é tanto as vezes “um porque” a secas senão um “porque precisamente” a mim, a ele, a quem? …porque precisamente agora, daquela? … e sobre tudo porque as outras possibilidades, que excluiriam esse final, nunca se chegaram a atualizaram na realização final.
Pondo-nos menos transcendentes e
volvendo a por pé a terra, e no “campo”, tudo isto me recorda a critica que
Evans-Pritchard fizera na sua monografia sobre os Azande, a forma em como os
antropólogos europeus tinham mirado ate daquela as práticas mágicas ou
religiosas de outros povos e culturas diferentes da sua
Ele incidia a que em contra o que
se considerava, a forma de entender as consequências da magia, não era
irracional nem menos causal, que a dos europeus. De facto, a forma na que os
zande pensavam sobre a magia se ajustava estrictamente ao mais ortodoxo
principio de causalidade, e axiologicamente era irreprochável.
Ante o caso por exemplo de um homem que morrera ao cair-lhe derriba um graneiro (tipo o nosso horreo-cabaçeiro) o zande não via nenhuma incongruência em que a causa da morte fora o bruxearia, e que o cabaço se tivera derrubado porque as pilotes que o sustinham foram roídos pelas térmitas.
Ante a incidência do antropólogo
em este ultimo feito incontestável, os zande replicavam rapidamente e sem
“claro, claro, mas porque estava justo ele lá?, .. e porque não outro?, porque
caiu junto daquela? Porque não em outro
momento qualquer?”: Fora o bruxedo. Perguntas ante as que o antropólogo teve
que calar, a opção teria sido volver a repetir o argumento das térmitas de novo,
e isto não fazia muito sentido.
Com tudo muito, europeus e muitos antropólogos, segundo a argumentação de Evans-Pritchard o que tinham feito ate então era precisamente isso, voltar e voltar a falar das térmitas insistentemente, impossibilitados de admitir que estavam a desfocar a questão, mas também de fazer outra coisa que não foram variações sobre o mesmo tema salmodiado (e que se quitem as Goldberg) repetidamente, procediam aginha a qualificar qualquer coisa que se escapara do leito do paradigma termitano como irracional, primitivo e salvagem, sem molestar sequer em entende-lo, para que se é irracional, primitivo ….?, se repetiam a sim mesmos.
No contexto cientifico isto não deixa de ser praticamente o mesmo ou como mínimo muito parecido. “As estadísticas mentem ou não??” … a pergunta, já espeça bem (mas no mau sentido): “as estadísticas -simplesmente- fazem coisas?” … o que importa é que coisas lhes pedimos que façam, para que? ou Porque?. De facto, como é bem sabido as estadísticas são, a parte de bastante tautológicas, muito sensíbeis as premissas de partida, seguramente por isso mesmo. Metaforicamente pode-se dizer que isto tem quase o rango de uma Lei Física.
Dizem que o descobridor da teoria do “Caos” topou-se com esta por um (des-)afortunado acaso. Tudo empeçou quando estava a
processar uma ingente cadeia de dados e variáveis para estabelecer um modelo preditivo
muito mais preciso com o que prognosticar o tempo que ia fazer o dia seguinte. Quando
o algoritmo de turno estava a todo trote, galopando veloz nas equações
diferenciais, de repente o computador teve um imprevista, daquela eles -os
computadores- eram mais grandes mais não mais listos, tinham uma memoria muito diminuta
num corpo desproporcionado, qual dinossáuros. De facto, aquela impressionante
mole de cabres e chips, colgou-se.
Isto obrigou a reiniciar fastidiosamente
o cacharro e volver a começar a serie onde quedara (ou a menos desde onde se posse
recuperar), agora já se consegui concluir sem problemas. Mas outro dia que replicaram
o mesmo processo tendo como material justo mesma informação que aquele dia, observaram logo uma clara e
visível divergência entre os gráficos de um e outro momento.
Existia um ponto no que ambos
gráficos divergiam, primeiro de forma praticamente impercetível, logo mais e
mais, e iba acentuando-se, até que estes apenas ter nada em comum. Era o ponto, no que o computador gripara e se
cortara bruscamente a serie, tendo que volver a iniciar, esse novo começo supus
exponencialmente uma diferencia em princípio aparentemente irrelevante mais que
in crescendo dava resultado finalmente a dois conclusões fundamente divergentes
do que formalmente era o mesmo processo.
O processo mesmo era sensível as “condições iniciais”, mas como entender esse “inicial”? topologicamente qualquer ponto dentro de uma serie determinada poderia ao menos de forma potencial ser considerado como “inicial” (depende de onde decidamos -ou podamos -o do computador não foi um ato voluntario- empeçar), qualquer ponto anterior é “inicial” de para o seguinte, defini-lo como tal é apenas um convenção independentemente de que tenhamos controle sobre o estado do processo em esse ponto ou não
Num experimento o ideal é isso, o
que se trata e de controlar as condições para evitar distorções eventuais, mas
elo implica, acoutar muito esta, e isto a sua vez uma redução intensiva dos fatores
que atuam, e por tanto uma redução extrema das causas potenciais associadas,
que finalmente puderam alterar a trajetória que se pretende seguir no seu
decurso canónico hipotetiçado no modelo de partida.
Em sistemas complexos, como o Tempo ou a Sociedade, isto é impossível, precisamente por essa “sensibilidade as premissas iniciais” e a sua “indeterminação topológica” intrínseca. Os átomos complicam-se menos a vida, são mais rotinarios, e para que cala-lo, se parecem bastante uns a outros: visto um átomo de carbono vistos todos seus isótopos, e vivem em ecossistemas simples e fechados como num zoo, com regulas muito estritas. Os seres humanos não.
Não funcionamos assim, para desgracia de qualquer “engenheiro social” (se alguma vez tal coisa existiu? ou o tentou … postular, se postulou) ou “conspirador” na sombra. Suas utopias e estratégias napoleónicas estão condenadas de antemão a realidade perpetua. Nunca imos controlar todas a variáveis, nem sequer as conheceremos ao completo, são mais esquivas que o eletrão, e nunca saberemos em que momento vai concorrer algo que o alterara todo, ou qual é o evento (ou a conjuntura) que marcara uma viragem no decurso de uma determinada estrutura processual.
Este foi o grande descobrimento da “Teoria do Caos”, formalizar algo que in nuce a sabedoria popular já vinha afirmado de forma muito mais pedestre (“o tempo não há quem o entenda!”, “a políteca não que a entenda!”, “não há quem entenda nada!!”), por isso nunca poderemos saber com seguridade que tempo vai fazer além dos 3 dias vista que nos da o metereólogo, nem predizer quem ganhara as eleições dentro de 10 anos, ou que números saíram no Gordo da lotaria do Natal.
E isso que a lotaria e a metereóloga são coisas muito muitíssimo mais simples do que é que qualquer sociedade humana. É por isto, que não me considero reducionista, mas tampouco Indeterminista, nem outros muitos pares associados.
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