Tem a complexidade social contribuído a um decrescimento do tamanho do
cérebro humano?
Em este recente artigo que aqui resumimos apresenta-se um
argumento fortemente contra-intuitivo, o qual não implica que seja incorreto
(boa parte dos descobrimentos científicos são ou eram isso: contraintuitivos),
que o progresso da cultura material e da complexidade social, com a existência
de médios externos de armazenar a informação além do indivíduo no grupo social
cada vez mais complexos, teria detido as pressões adaptativas que influiram no aumento do tamanho do cérebro humano, dando lugar de facto a um
decrescimento de seu volume
Paradoxalmente a
"cultura", nos faz mais "cultos" mas não necessariamente
mais "inteligentes", precisamente porque ser mais inteligente a um
nível individual deixa de ser tão relevante, ao ser o deficit cognitivo
particular equilibrado ou compensado pela "inteligência" coletiva do
grupo (instituições, sistemas de informação, etc.).
Em este sentido Platão já se queixava de que a "escritura" estava
a acabar coa memória dos seus contemporâneos, e outro tanto poderíamos nós
dizer das calculadoras com respeito a capacidade matemática, ou mesmo, mais
recentemente, do buscador de google ou da wikipedia ... em certa forma a
"cognição estendida" ou "distribuída" faz que seja menos
apremiante o role da "cognição" particular.
Mas ao mesmo tempo estas tecnologias cognitivas (escritura, arquivos, computação, etc.) são pré-requisitos necessários para o suporte de níveis de complexidade a uma maior escala (cidades, estados, globalização, etc.) para gerir a informação e a toma de decisões que estes implicam.
Temos aqui uma nova prolongação
do que Renfrew denominou como o "Paradoxo do Sapiens" (Sapiens
Paradox), o aparente hiato entre a emergência das capacidade cognitiva e nível
cerebral e a sua expressão material em esse "fenótipo estendido" que
em certa forma é a Cultura. Seria sui generis um segundo Paradoxo do Sapiens
Certamente, isto é uma hipótese,
e como qualquer arqueólogo ou paleontólogo arguirá, necessita de muita mais
evidência posterior para a sua confirmação ou falsação. Nenhuma hipótese esta
plenamente confirmada quando se apresenta por primeira vez, senão não se seria uma
hipótese, nem haveria hipóteses, nem ciência.
De momento pranteia uma serie de questões que dão para reflexionar, sobre os preconceitos assumidos sobre a evolução humana e social. Aos "neo-ilustrados" ingénuos coma Pinker não lhes sentara bem, de certo. De certo interessante
Bibliografia:
De Silva, J.M., Traniello J. F. A., Claxton, A.r G. & Fannin, L. D. (2021): “When and Why Did Human Brains Decrease in Size? A New Change-Point Analysis and Insights From Brain Evolution in Ants” Frontiers in Ecology and Evolution DOI: 10.3389/fevo.2021.742639
Renfrew, C.: "The Sapient Paradox: Social Interaction as a Foundation of Mind" palestra disponivel aqui
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