No Landesmuseum
Für Vorcheschichte de Halle onde se atopa o disco de Nebra, do que antes
falamos, existe uma figura que reproduz a um Neanderthal sentado numa
provocativa posse ao “Pensador” de Rodin, que sempre me resultou atraente polo
paradoxo que representava, aquel de dotar da expressão das mais altas
capacidades intelectuais a alguém a quem se lhe tenhem negado tão a cotio.
Entre o Estigma e a Culpavilidade
O Neanderthal têm tido desde sempre mala prensa, e
possivelmente dele se tenham dito cousas bastante absurdas hoje e que nos seus
dia parecerem lógicas e ainda provadas verdades e axiomas científicos, o caso e
que na mente popular e na de muitos investigadores, e um pouco na de todos nós,
o Neanderthal segue ainda jogando –ao seu pesar- esse papel de quinta-essência
do "Selvagem" no seu melhor e pior sentido.
Da vida e, sobre todo, da morte do Neanderthal tense
dito muito, desde os que imaginavam quase uma guerra direta pela supervivenza remedando ao mais puro drama de Cain vs Abel, no que, como daquela, aos inventores da civilização tocaria-lhes se-lo assim mesmo do assasinato:
sim nós matamos ao neanderthal (mea culpa),
ate os que via a cousa mais ecologicamente como resultado dum conflito
mais indireto polos recursos, daquela nós não nos comemos ao Neanderthal, mais
nos comememos-lhe a comida a ele, "matamo-lo de fame", em resume …o caso e que o
mea culpa, era a respeito escassamente entoado, pois como soia dizer o nosso estimado Eulogio
Losada explicando-lhes o sentido
positivo do termo “bárbaro” em castelhano, aos seus surpreendidos alunos
franceses da Sorbonne “a fim de contas somos bárbaros e não imos falar mal de
nós mesmos”, e quando não há culpa do culpavel obviamente será da vítima a ela, que
algo teria feito, entenda-se.
Mas há um pequeno problema, e como é lhe roubamos a
comida ao “curmão” Neanderth? que tão bem se conhecia a tundra glacial de toda a vida,
era mais forte, perdia menos calor com esse corpo compactado de jogador de rugbi
que lle tocara de serie. Dificilmente nos feblinhos lhe ganhariamos um pulso
evolutivo a este cachimán dos gelos, a resposta veu ao estilo da bíblica
dicotomia de Jacob e Esau, e é que quando não possas com ele, e o tenhas certamente
difícil, se mais listo cá ele.
O importante é o Conceito. Simbólico, demasiado
simbólico
Certamente nós eramos-che listos, mui listos, e isto
dava um bom motivo e coartada para justificar como “suicidáramos” ao bom do
curmão Neandert se extinguiu por ser “um pouco mais curtinho” de luzes que nós,
ou por dici-lo mais suavemente por não ter “pensamento simbólico”, mesmo com
certa “consciência de culpa” ainda podíamos novelar e rodar românticas
historias nas que o Neanderth contemplava o seu ocaso no Far West crepuscular dos gelos (Le Dernier
Neanderthal), incapaz de se fazeres cós novos dons da cultura sapiente sapiente
Pouco importava, ao respeito que este “incapaz
simbólico” enterrara já aos seus mortos em tumbas e num leito de flores …gesto
“poético” mas que a alguns paleontólogos não lhe parecia abondo simbólico,
pouco importava tampouco que ainda este “curmão” longano pudera mesmo
dedicar-se nos momentos livres entre a caça do Mamute e do Bisonte a enredar
sacando-lhe a um oso com furados alguma notas coma se dum whistle irlandês se
trata-se, muito musical, certamente, diriam alguns mas pouco simbólico polo
visto.
Reconstrução do enterramento ritual de Shanidar (Kurdishtan) |
Assim se criava um pequeno quadro desses Sapiens
Sapiens, (pois quem sabe sabe) e dos menos sapientes Neanderthalenses, vivendo perto, juntos mas não revoltos separados polas suas culturas materiais,
e os cérebros capacitados para as mais altas/ou não cotas de expressão
simbólica. O caso e que todo isto, o chamado “Big Bang” cultural do Paleolítico
superior precisava de várias explicações. Porque este “curmão” longano, com o que
nunca nos quisemos relacionar e que nada nos tinha que invejar por crânio, não
protagonizou igualmente o “boom” do simbólico?.
Não falas que não te entendo
Explicações deram-se moitas, alguns diziam que o Neanderth num rasgo mais do seu “imperfeito desenho” fronte o Cromagnon, isto obviamente não se
dizia Assi, pois somos tão politicamente corretos como simbólicos, e não
queremos ofender; tinha todas as capacidades para a linguagem mas não a
ferramenta, já que pela posição da sua gorja não poderia articular toda a
variedade de sons do falador Sapiens Sapiens. Então o bom primo bem pudo, aquela manha fria e monótona em que lhe deu em querer departir com Sapiens, rematar parafraseando o verso de Pondal, de facto, e concluir com aquelo de "não nos entendem, não!"
O caso e que quando eu isto escutava e examinava o argumento do tipo de que se lhes faltaria tal ou cal vogal ou consonante, não deixava de matinar em que nisto havia um grande etnocentrismo arredor do nosso próprio conceito de linguagem, e pensava nos bosquimados K!ung Kalahari, e sobre todo nesse “!” que representa um som que nem os europeus nem os asiáticos soemos gastar nas nossas línguas: o “chasquido”, ainda que si o podamos articular, e que para eles é tão natural e frequente como para nos podem ser o resto das vogais
Diferenças entre o aparato fonador de Neanderthal e do Cromagnon |
O caso e que quando eu isto escutava e examinava o argumento do tipo de que se lhes faltaria tal ou cal vogal ou consonante, não deixava de matinar em que nisto havia um grande etnocentrismo arredor do nosso próprio conceito de linguagem, e pensava nos bosquimados K!ung Kalahari, e sobre todo nesse “!” que representa um som que nem os europeus nem os asiáticos soemos gastar nas nossas línguas: o “chasquido”, ainda que si o podamos articular, e que para eles é tão natural e frequente como para nos podem ser o resto das vogais
Que pensaria um K!ung de mim que não sei falar com
chasquidos de cada dois fonemas, certamente uma possibilidade e que dissera
simplesmente que não sei falar, ou que faço “bar,bar, bar” (serei-che parvo!)
sem jeito nenhum como diz que fizeram os gregos quando criaram a verba para
esses incultos estrangeiros que tatejaban uma xiria sem o mais mínimo sentido e
decoro.
O Mal dentro dos
Ossos
Todo indicava que nos e esses primos com os que não nos
falávamos eram-nos muito alheios, tanto que nem nos devíamos dar o saúdo e, menos, tratar-nos e intimar: que ainda que há classes por muito que isto seja a
pré-história, em remedo quase daqueles burgueses vitorianos que viam nos
obreiros dos bários industriais “uma raça” aparte. Outros igualmente dizerem o
mesmo, confiados no seu stock saxónico e no Glorioso Isolamento (hora insular
hora continental), de irlandeses, galeses, italianos ou hotentotes, eram outros
tempos e a primazia cultural económica, e política, digamos, “simbólica” devia
de vir dalguma parte. E nesses tempos em se empeçavam a cavar fósseis, sacar
os primeiros ancestrais da terra, o mesmo tempo que se media o angulo facial e as
formas e proporções linneanas do corpo humano dos vivos, preferentemente prostitutas,
convictos, e como se soia dizer nalgum tempo “murcianos y otras gentes de mal
vivir”, nesses tempos alguns pensarem que essa primazia “simbólica” havia de
chegar mesmo aos ossos
Assi alguns eram altamente inteligentes e
industriosos, dados a civilização e as boas maneiras mentes que havia outros
que, não havia mais que ver-lhes a cara, nunca o conseguiriam. No debate entre
a Herança e a Cultura a primeira antropologia física inclinou decote, com
exceções salientabeis, o equilíbrio cara a biologia e fixo da cultura, do
simbólico, um apêndice mais da cor dos olhos ou da beleza geral, jogando cecais com
certa estranha tendência do género humano a qualificar a “ética” ou a “bondade”
pola "estética". Obviamente
pensava Lombrosso que aos criminais e mulheres de mar viver sempre se lhe notava algo na
cara ou mais concretamente no crânio, e certamente nos contos de fadas as
princesas sempre são belas, fermosas e exemplos de bons pensamentos e melhores obras, e os
perversos feios e mesmo algo monstruosos, e o Neanderth como alguns mineiros galeses
certamente não entrava nos cânones estéticos, nem nos perfis gregos, da época.
"Graos de Inteligencia" segundo os angulos faciais supostamente relacionados com niveles arcaismo biológico segundo S. R. Wells, New Physionogmy(1867) |
Mesmo alguns quisserão atopar-lhe nisto uma estratigrafia comum a tão incorretos perfis ao-querer ver nas classes baixas, assim como nos colonizados exóticos dos outros Terceiros Mundos, os restos de estirpes primitivas, …e isso era malo muito malo pois adulterava a puridade do nosso stock simbólico e nos fazia menos sapiens. Não compre explicar mais a onde nos levou no proceloso século XX tudo isto, penso que está claro
De Primo longano a Avo Re-atopado
O caso e que cecais pela facilidade que têm o
passado e quanto mais remoto ainda, para sen converter em Pais Estranho ao
nosso Presente, que terá que ver a fim de contas uma coisa coa outra?, no
discurso ao redor daquele curmão “pobre”, simbolicamente falando, manteram-se
certas contiguidades, e ainda algumas continuidades. Poucos forem certamente
partidários nos últimos anos de romper o Apartheid Neanderthal e pensar, mesmo
imaginar que nós e esses primos ainda mais alheios que o passado, tivemos mais
que ver do que nos gostaria de reconhecer, vergonha tal vez de ser “algo curtos” simbolicamente, ou de parecer
pouco aptos para os bons modos da cultura sapiente: o problema dava para um bom
psicanalista certamente.
E assim pusesse a ultima fronteira, não nos tratávamos simplesmente porque não nos pudéramos falar largo e tendido ou porque os temas de conversação sapiens foram um pouco espessos e exotéricos -cecais algo intelectuais demais- para os nenanderthais, isso de ser-che “simbólicos de mais”, não nos tratávamos porque simplesmente éramos totalmente distintos -faltaria mais!- e como o aceite e água incomensuráveis, eram já não raças mas espécies diversas, e geneticamente incomunicáveis.
E assim pusesse a ultima fronteira, não nos tratávamos simplesmente porque não nos pudéramos falar largo e tendido ou porque os temas de conversação sapiens foram um pouco espessos e exotéricos -cecais algo intelectuais demais- para os nenanderthais, isso de ser-che “simbólicos de mais”, não nos tratávamos porque simplesmente éramos totalmente distintos -faltaria mais!- e como o aceite e água incomensuráveis, eram já não raças mas espécies diversas, e geneticamente incomunicáveis.
Enterramento de Lagar Velho, Alentejo (Zilhão & Thrinkhaus,2002) |
Em todo isto vai anos no Lugar de Lagar Velho em
Portugal atopou-se o esquelete dum menino que pareciam ter nos seus ossos, uns estranhos riscos misturados, no que parecia ser um híbrido de ambos Sapiente e Neandertaloide a
um tempo. O neno de Lagar Velho deu lugar a uma longa polémica de posições
encontradas que se refletiu extensamente daquela na página do Instituto
Português de Arqueologia (IPA), e na que se exibirem as mais curiosos
argumentos a favor ou em contra da Possibilidade ou Impossibilidade da relação
entre Sapientes e Neandertais, que se as suas culturas materiais eram
diversas, que se igualmente os seus mundos mentais seriam
igualmente alheios.
A mim no fundo mirando como espetador alheio, e não
paleolitista, tudo isso não deixava de dar-me a sensação de algo conhecido que
poderíamos definir cum termo muito claro no nosso vocabulário: “racismo”, existia
um racismo para com o Neanderthal?
Anos depois no célebre documentário A Odisea da
Espécie recolhia-se o caso de neno do Lagar Velho numa dessas típicas fabulas
românticas em que a última mulher nenanderthal era acolhida por um grupo de
homens sapiens, sapiens, case num ato de caridade hominídea, mais o menino froito
daquilo era o último grounido do neanderthal, inútil igual que esse amor
furtivo e ocasional na linha da evolução. O neno de Lagar Velho era, dizia-se
daquela, como essas mulas que saem coma resultado do cruze dos nobres
cavalos/éguas e humildes asnos/as, que ainda que possíveis e toleráveis não são
viáveis geneticamente a meio prazo para a reprodução. O semi-neanderthal, "filho do amor" era-lhe material de refugalho que marcava só e unicamente a fim duma vizinhança por regra
geral pouco sociável, culpa seria do Neanderth com essa cara de túzaro que tinha, e que
amais não te falava bem. O Amor polo Neanderthal, a parte de ser socialmente mal
aceitado, era um amor estéril
Parecia cerrar-se Assim o circo da "exclusão", mental,
cultural, social e agora genética do tantas vezes chamado os nosso curmão longano,
o Neanderthal, nunca tivemos nada que –ou quase- ver, e nunca o teríamos.
E todo isto, meus leitores, se dizia quando ainda nem sequer se identifica nenhum rastro da sequência genética dos neanderthais. E o caso e que agora vai um ano graças a uns dentes atopados em Sibéria e alguns outros ossos por aqui e acola, pudesse sequenciar o genoma real de aqueles homens do gelo glaciar, e vaia surpresa, de repente vesse que de tão alheios que eramos, não o éramos a fim de contas, e mais surpresa de repente outros investigadores vem que a uns cantos rasgos genéticos desse genoma de neanderthal encaixam coma luva a mão com alguns riscos "raros" que estão espargidos no genoma de todas as povoações humanas de Sapiens Sapiens que abandonarem África, e dizer que os todos os europeus, asiáticos, americanos nativos e aborígenes australianos temos em comum uns peculiares restos genéticos herdados do neanderthal
E todo isto, meus leitores, se dizia quando ainda nem sequer se identifica nenhum rastro da sequência genética dos neanderthais. E o caso e que agora vai um ano graças a uns dentes atopados em Sibéria e alguns outros ossos por aqui e acola, pudesse sequenciar o genoma real de aqueles homens do gelo glaciar, e vaia surpresa, de repente vesse que de tão alheios que eramos, não o éramos a fim de contas, e mais surpresa de repente outros investigadores vem que a uns cantos rasgos genéticos desse genoma de neanderthal encaixam coma luva a mão com alguns riscos "raros" que estão espargidos no genoma de todas as povoações humanas de Sapiens Sapiens que abandonarem África, e dizer que os todos os europeus, asiáticos, americanos nativos e aborígenes australianos temos em comum uns peculiares restos genéticos herdados do neanderthal
Saartije Baartman a chamada "Venus Hotentote" foi exibida em ferias no Paris e Londres do s.XVIII, e logo disecada no Musée de L´Homme |
Assim paradoxalmente e malia o que pensavam os vitorianos e o outros "rostros pálidos" do XIX a Vénus Hotentote pouco tinha que ver co prognatismo das camadas neanderthais, pois para neanderthais já estávamos nós, igualmente poderia dar-nos em fantasiar recordando aquela velha película Em busca do Lume que alguns dos nossos riscos europeus bem puderam vir-nos daqueles nossos avos por parte neanderthal, e não do lado Sapiente, simbólico e "africano" que arribava daquela, e pode mesmo, logo o veremos, que isto ainda nos senta-se bem e fosse uma vantagem naquelas terras tão frias e novas. Certamente, um prato, cortado ao bifaze, que não lhes será de dom gosto a xenófobos, racistas ou etnocentristas vários. Alá eles
E assim agora, probas de paternidade por meio, sabemos
que o bom do Neanderth, sim aquele curmão tão rarinho e longano, desses que se
vem mais bem pouco, e fundamentalmente nos funerais, ou cecais nas vitrinas dos Museu
acompanhando a Chimpazes e Gorilas, era em realidade o Bom do velho Avo
Neanderth. E assim comocionados ainda pelo segredo de família descoberto, e com
toda a árvore genealógica removida virada patas arriba, só nos queda miram-nos
no espelho, fazer algo de propósito de emenda e dizer, a fim de contas:
Benvindo a Família
+ INFO sobre isto em: Para Neanderthais Nós