Vai uns dias o Museu de arqueologia de Yorkshire deu a conhecer duas viriae de ouro descobertas por dois detectoristas de metais perto de Tadcaster, no lugar de Towson, no norte da bisbarra de York. Os braceletes forem topados respectivamente em maio do 2010 e Abril do 2011. O primeiro tem-se datado entre o 100-70 a.C mentres que o segundo pudera ser ainda mais antigo. Ambos constituem a evidência mais recuada da presença de jóias na Idade do Ferro do Norte de Inglaterra.
Detalhe dos braceletes de Tadcaster |
Natalie McCaul conservadora assistente do citado museu (acima na foto) comenta na nova que estas alfaias seriam um elemento de "prestígio", propriedade da elite tribal ou ainda da própria linhagem real que governou entre o povo dos Brigantes. As peças apresentam similitudes tipológicas com outras do território dos Iceni, como as do conhecido depósito de Snettisham (Norfolk) (Stead, 1991). Ao respeito a arqueóloga considera a possibilidade de que as viriae chegaram ou bem como botim ganhado nas razias guerreiras, ou como um regalo diplomático entregado ou intercambiado para estabelecer a "amizade", aliança, a Paz (?) cecais, entre estes dois povos
Depósito "tesouro" de Snettisham (British Museum) |
Não posso evitar de passo que se me vaia a cabeça certo velho livrinho, -uma das minhas primeiras leituras arqueológicas- do Ladislao Castro titulado Los Torques de los Dioses y de los Hombres (traduzido logo ao inglês como The Sacred Torcs) assim coma às divisões tipológicas dos torques galaicos às que desde vai anos os arqueólogos querem dar uma dimensão regional, e não só num sentido geográfico, fruto meramente capilar do contacto e a proximidade, senão também social e em certa forma mesmo "identitário" (Rey Castiñeira, 1993)
Os casos de torques "fora de lugar", como o de tipo artabro de Tronha (S. de Pontevedra), ou o conjunto de diversa procedência de Fojados (Corunha) (González Ruibal, 2007: 302-4) ponhem-nos em escenarios muito similares aos dos braceletinhos de Tadcaster ou "tesouro" de Snettisham: entre a guerra, a economia do don e a deposição ritual. Para um arqueólogo ou historiador; tudo isso resulta muito subgerente, e gostamos de pensar ou re-pensar, cecais se há sorte re-ler, as fascinantes possibilidades "biográficas" (González Ruibal,2007); profundamente sociais, criadoras e transmissoras de identidades no mais amplo sentido do termo; individual, grupal, de género, status, étnica, desses anacos de cultura material que chamamos: torques, viriae ... . Em resume, gostamos de ver a vida a traves deles.
Torques de Tronha e depósito de Fojados |
Referencias
- Castro Pérez, L., Los torques de los dioses y de los hombres. Vía Láctea, Corunha, 1992
- Castro Pérez, L., The Sacred Torcs: prehistory and archaeology of a symbol. Pentland Press, Edinburgo,1998.
- González Ruibal, A., "La vida social de los objetos castreños" in: González García, F.J.(ed.), Los Pueblos de la Galicia Céltica. Akal, Madrid, 2007, pp 259-322
- Rey Castiñeira, J., "Cuestiones de tipo territorial en la cultura Castreña" in: Actas del XXII Congreso Nacional de Arqueología, Vigo 1993 vol. pp. 165-172
- Stead, I.M., " Treasure: Excavations in 1990" Antiquity 65, 1991 pp. 447-65